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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

PNS poucas propostas concretas faz.

vai-teaosprofessores, 07.03.24

A minha análise da campanha do PS/PNS é que através do mantra «podemos fazer melhor», não diz como fazer e quando.

Vejamos: caso dos professores: é para repor o tempo de serviço, mas sem dizer quando. Sobre o modelo de gestão nada diz, sobre a avaliação externa que permita ter comparações estatísticas e contrabalançar as inflações de notas, nada diz, sobre o absurdo do modelo de avaliação dos professores nada diz. Tudo muito vago para merecer a minha confiança e nunca se sabe quando encosta à direita do PS na política económica.

SNS: Também não conhecemos propostas concretas, mas a defesa do modelo neoliberal fechou valências do cancro da mama em vários hospitais durante a campanha, como a direita faria. O slogan diz que é para manter o SNS (cada vez menos próximo das necessidades das populações?) e melhorar, mas não explicita nenhum plano, o que o torna um ato de fé. Não tem tabus com as PPP, mas continua a haver dinheiro para o recurso supletivo aos privados, sem melhorar as ofertas do público - esse dinheiro poderia melhorar e muito certas carências do público.

Habitação: depois de ser responsável pelo agravamento nos últimos 8 anos, promete que agora vai ser, mas continua a dizer que foi a lei Cristas que tem parte da culpa, mas não a revogou enquanto ministro.

Concluindo, como é usual nos políticos continua a não se comprometer com medidas concretas e calendarizadas, tornando o «podemos fazer melhor» num ato de fé.

O ónus da prova e o enriquecimento ilícito.

vai-teaosprofessores, 22.02.24

Com as decisões da operação influencer e do caso madeira, aparece dinheiro não declarado, o do chefe de gabinete de Costa e do ex-presidente da Câmara da Madeira. 

Ora sem que o ónus da prova recaia em quem detem o dinheiro não declarado, cabe ao ministério público (MP) provar a origem do dinheiro. Sem conhecer o processo e aceitando como boas as informações sobre tais rendimentos, com a lei em vigor, torna-se difícil ao MP encontrar a fonte de tais pagamentos.

Portanto, o debate sobre a ineficiência do MP ou sobre o excesso de garantismo do juíz, parece-me que não toca o ponto central: porque a classe política não conseguiu alterar o ónus da prova em caso de enriquecimento ilícito? Assim sendo, não compreendo como este não seja um dos temas da campanha eleitoral. 

Um caso de mudança do centro para o Chega

vai-teaosprofessores, 18.02.24

Venho trazer-vos aqui um caso de um trabalhador, daqueles que ganham menos de 1000€, que me confidenciou que vai votar no Chega. 

Este trabalhador a poucos anos da reforma queixa-se de não atingir o escalão máximo que a carreira permite, porque nas classificações tem sido ultrapassado por colegas que fazem muito menos. 

Este trabalhador gosta de fazer comentários políticos e participar em sessões públicas da câmara e, como lhe disseram vários superiores, isto invalida que seja candidato a melhores classificações.

Entretanto, com a política salarial dos últimos anos, em que subiram os salários na base, viu os novos ficarem com rendimentos quase idênticos aos seus, o que constitui outro fator de revolta, ou seja, temos trabalhadores recém entrados a ganhar quase tanto (50/70€ a menos) como um trabalhador em fim de carreira.

O que é que este caso nos diz:

a) em primeiro lugar, que o mérito é desqualificado quando não há alinhamento político. É este compadrio que afastou certos trabalhadores do centro e que se traduz no postulado: ou és dos meus politicamente ou estagnas. Solução: o sistema de classificação dos funcionários tem de ser alterado para passar a ter critérios objetivos e mensuráveis, deixando de facilitar a subjetividade. 

b) em segundo lugar, nas democracias temos de separar claramente as competências técnicas das tendências políticas, ora isto não tem acontecido na sociedade portuguesa e o gerencialismo, gestão baseada numa cadeia de comando vincada, veio agravar este enviesamento em relação a uma gestão democrática e respeitadora da diferença. Solução: reforçar a gestão democrática e pluripessoal, em que deixe de haver a avaliação unipessoal e passe a haver uma avaliação dispersa por várias pessoas independentes entre si e com mecanismos independentes de recursos das classificações. 

c) as políticas de rendimentos têm favorecido os escalões mais baixos, prejudicado os rendimentos médios, o que estreitou a grelha salarial nos primeiros escalões prejudicando os trabalhadores mais antigos, ao mesmo tempo que os altos rendimentos se reforçaram, ou seja, o leque salarial diminuiu nos primeiros escalões, mas aumentou em relação aos últimos. Solução: tornar os rendimentos mais justos, não só diminuindo o leque salarial entre o primeiro e o último, mas também aumentando e repondo a diferença salarial dos níveis de entrada e dos níveis intermédios, que já existiu. 

d) afinal o sistema permite o sentido crítico na sociedade e em todos os níveis, ou a crítica é um privilégio dos que detêm o poder ou que por ele lutam, devendo tudo o resto ser passivo?

Concluindo, quem cria injustiças, quer com base na opinião política, quer com a política de rendimentos permite que os populismos cresçam. 

Programas e avaliação externa

vai-teaosprofessores, 10.02.24

Alguns programas eleitorais continuam a defender a avaliação contínua como única forma de avaliação, isto é, o fim das provas de aferição e exames.

Acho que este tem sido um dos fatores que contribuiu para a degradação do ensino e é facilitadora. Em primeiro lugar porque não permite fazer comparações intertemporais. Se deixamos de perceber o que se passa com ao ensino, não podemos identificar os problemas, nem ter políticas corretivas. Em segundo lugar, a avaliação externa força os alunos a empenharem-se para se superarem, ou a ter ajuda, via explicações ou a criação de grupos de recuperação. Também é um caminho para uma avaliação mais objetiva dos professores e diretores, em vez da atual subjetividade, em que o resultado dos alunos não conta. Corrijo, até conta negativamente, pois os professores que assinalem alunos com pouca progressão, ficam sujeitos a ter reuniões de avaliação repetidas e ficam assinalados por diretores que querem apresentar bons resultados. 

Já agora, a organização do ensino deve abrir espaço a grupos de recuperação das aprendizagens, não como funcionam hoje, com os apoios desertos e a horas desincentivadoras. Quando, isto acontecer estaremos a contribuir para acabar com os esquemas das explicações. Hoje fazemos o contrário, incentivamos as explicações, com o facilitismo reinante e a pressão para que não haja notas negativas. Porque um pai, que acompanhe os filhos, e verifica que tem avaliações negativas nas provas, mas que tem o suficiente, o 10 ou o 3, percebe que tem de por o educando nas explicações. É como na saúde, se o público não resolve o problema das pessoas, estas recorrem ao privado, se puderem. A dor não se apaga, mas uma má perfomance académica pode ser varrida para debaixo do tapete. Quem fica prejudicado é o aluno.

Também estamos a discutir se podem haver maus alunos, por sua vontade, deixemos de lado a questão da incapacidade. Ou se abraçamos o paradigma de que não há maus alunos, só maus professores. Cientificamente há vários fatores que influenciam os resultados em educação, mas reduzi-los à variável professor é ser pouco científico.

 

Chega x IL

vai-teaosprofessores, 07.02.24

Debate surpreendente em que Ventura apresentou ideias de esquerda, com a defesa da intervenção do Estado e a valorização salarial dos pensionistas: Ventura a tentar captar votos à esquerda e ao centro, talvez porque já preencheu o lado direito do espetro. Mas sem perda do seu nacionalismo com a regulamentação dos imigrantes e intervenção do Estado, como na TAP, portanto numa de nacional/socialismo. Nacional na parte da imigração e intervenção do Estado e socialismo na defesa dos pensionistas. Só falta saber quanto a liberdades, se só há liberdade no partido único ou multipartidarismo. O risco é se caminhar para o partido único.

Nota: não vi o debate BE x AD.

Comentário ao frente a frente: PSxIL

vai-teaosprofessores, 06.02.24

A diferença, em geral, ficou bem explicada, com uma política liberal pela IL e a defesa do Estado Social pelo PS.

Mas ambos procuraram não mostrar os seus pontos fracos, a IL só apresentou o custo do choque fiscal, forçado pelo Nuno e apontando para metade do avançado pelo seu interlocotor. Na minha opinião este é o problema do liberalismo, propor uma rutura sem que haja exemplos da sua credibilidade.

Mas o Nuno, ficou-se pela defesa do modelo, sem avançar o que neste modelo precisa de ser reformado. Ou seja, sem dizer o que vai fazer diferente: na saúde, na educação e na habitação. Quando o fizer saberemos se vale a pena continuar a apostar no Estado Social com o PS, ou seja, se o Estado Social melhora efetivamente.

Concluindo, para um primeiro debate, muito cautelosos, evitando os calcanhares de aquiles de ir ao promenor, no caso do Rui quanto custa e seus efeitos, pois defende redução de impostos e aumento da despesa com recurso ao particular, e, no caso do Nuno, como superar os falhanços que existem no Estado Social.

Agora, com os agricultores há dinheiro.

vai-teaosprofessores, 02.02.24

Insisto na minha ideia de que quando o governo não é justo ou não apresenta uma explicação plausível, está a contribuir para o crescimento do Chega, além do impacto da corrupção.

Veja-se o caso dos agricultores, logo que houve contestação apareceu dinheiro (não falo de empréstimos sem juros). Pergunto-me porque o governo foi lesto a resolver este problema? Vou apresentar uma explicação, nos distritos do interior elegem-se 3 a 4 deputados, sendo que com a subida do Chega, tirará um deputado a quem ficou em primeiro lugar face a legislativas anteriores, ou seja, estamos a falar até de cerca de 10 deputados, significativo para fazer maiorias. Ou seja, os distritos mais rurais, Vila Real, Bragança, Guarda, Viseu, Castelo Branco, Beja e Évora, se descontentes podem levar a uma perda significativa de deputados.

Logo a seguir a estas cedências as forças de segurança também reforçaram a sua luta não desistindo até terem medidas concretas, mas não têm a importância eleitoral do mundo rural no sistema português. Mas mais uma vez quando aparece, de repente, dinheiro para satisfazer certas reinvidicações e ficam outras por resolver aumenta a possibilidade do vosto de protesto, anti-regime instalado, no Chega.

 

A «habilidade» de Costa para com as diferentes classes profissionais.

vai-teaosprofessores, 26.01.24

Relembrando que com os professores, não podia haver recuperação do tempo de serviço, sem haver a mesma recuperação para todos os funcionários públicos. Neste debate, equeceu-se de dizer que 70% de dez anos não era o mesmo de 70% de 4 anos, na forma como os humanos contam o tempo, 7 anos são diferentes de 2,8 anos. 

Mas eis que decide dar um suplemento de risco à PJ, mas agora sem se preocupar com as outras forças de segurança. Resultado, tal como com os professores a medida habilidosa de Costa, PM demissionário, criou instabilidade.

Grande político, se calhar, porque usa a habilidade, para se justificar. Estas habilidades não são facilitadoras dos extremismos, ou também não tem nada a ver com a subida do Chega?

O RIPA e os diretores

vai-teaosprofessores, 28.12.23

Nestes dias chegaram às escolas os resultados das provas de aferição que vêem confirmar os retrocessos já detetados no PISA nas competências dos alunos. 

O diretor Filinto apareceu logo a contextualizar vestes resultados: há pais, reparem na desculpabilização, que não deixam ir os filhos participar e não há consequências, porque estas provam não contam para a classificação do aluno, chuta para os pais e ministério.

Será que a culpa é dos pais ou será do ministério que tem desvalorizado a avaliação externa dos alunos, numa deriva de facilitismo? Ou será dos diretores que aderiram acriticamente às pedagogias da moda, como o Maia e à teoria da nova inspetora geral, Adriana Cosme, em que o fundamental é reconsiderar o "papel" do professor (a autora recusa, ao mesmo tempo, a visão instrucionista e a conceção do professor como mero "facilitador" e "mediador"), centrando-se na autonomia e flexibilidade curricular, ou seja, o professor tem de ter em conta as caraterísticas dos alunos, personalizando o ensino ao perfil do aluno (será possível em turmas de 28/30 alunos)?

Os diretores também não têm culpa cada vez que mandam repetir conselhos de turma porque as notas são inferiores a um certo nível (8 no secundário), ou no terceiro período porque há negativas, para não desmoralizar o aluno, criando os turistas escolares, que nada fazem, não são penalizados e perturbam o funcionamento das aulas?

Por outro lado, aparecem a dizer (Público e JN de dia 27/12) que vai haver uma crise de liderança, porque muitos atingem o limite de mandatos (200?), ganham pouco e estão sujeitos a quotas nacionais na avaliação. Isto não será manter o tacho sem se responsabilizarem e pedir um tratamento especial, optando por se situarem à parte do resto dos professores? Contudo, vejo aqui uma coerência se participam na desresponsabilização dos alunos, porque não hão-de ser também desresponsabilizados.

Concluindo, se o ministério é o principal responsável pelos problemas da educação, os diretores também o são pela aplicação acrítica das teorias educativas e pela atitude ativa de desresponsabilização dos alunos, em termos de sistema de avaliação dos alunos e na aplicação de medidas disciplinares aos alunos.

O flic/flac do ministro da educação

vai-teaosprofessores, 06.12.23

Agora como apoiante de Pedro Nuno, eis que o ministro da educação faz um flic/flac à retaguarda e aparece a defender a recuperação de serviço dos professores. As suas capacidades de ginasta não eram conhecidas, mas agora aparece como elegível para melhor político/ginasta.

Também tenta passar pelos pingos da chuva e sacude a água do capote ao comentar os resultados do PISA, como estando dentro da média, não explicando qual a diferença para os países que resistiram mais à queda provocada pela pandemia. 

Como o lugar na OCDE só se mantinha se continuasse ministro, tenta desesperadamente ser opção ministeriável  para Pedro Nuno, mas se falhar, já garantiu lugar na final do campeonato de ginástica dos políticos, com um flic/flac à retaguarda.

Em grande João Costa a surpreender.