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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Semelhança entre Trump e alguns diretores: o bulling.

vai-teaosprofessores, 10.03.25

Recordemos a emboscada feita por Trump a Zelinsky, considerada por muitos como bulling, isto é, foi posto de lado o direito internacional, ou seja, as regras que consubstaciavam o respeito mútuo foram substituídas pela lei dos mais fortes.

O mesmo se passa nas escolas, a falta de um poder com balanceamentos entre vários órgãos, faz entrar alguns diretores no registo da lei dos mais fortes, usando a avaliação do desempenho e o seu controlo da SADD, para promoverem os seus seguidores e perseguir os desafiadores - enquanto elemento da SADD nunca presenciei um desempate nos moldes previstos na lei, já chegava tudo desempatado!

É a reprodução do modelo Trump que nós queremos nas escolas? 

Os seguidores do modelo de Trump tentam eliminar a impossibilidade de concorrerem a mais mandatos, alegando que se vão perder quadros treinados em gestão escolar. A ética republicana há muito percebeu a tensão entre a experiência no cargo e os vícios do poder, escolhendo a renovação do poder. Mas a ética autocrática banseando-se na experiência, mesmo que castradora em alguns casos, eleva-a a argumento supremo.

Os desafiadores trazem ao debate outras maneiras de gerir, logo quando os eleminamos também restringimos o debate de ieias e limitamos a democracia.

Concluindo, se não queremos o modelo Trump nas escolas temos de mudar o modelo de gestão das escolas, reforçar a ética republicana de limitação de mandatos, respeitar ideias diferentes e ter um poder mais dividido, por vários órgãos.

O problema da falta de funcionários.

vai-teaosprofessores, 30.01.25

As notícias recentes centram-se na falta de funcionários. Até o «pequenino» fez demagogia com as greves destes ao dizer que incentivam o ensino privado ao criarem estabilidade educativa.

Claro que os funcionários são importantes na vigilância dos recreios e apoio aos alunos com necessidades educativas especiais. Mas para mim a indisciplina é mais um problema porque alguns diretores evitarem castigar os meninos/as nos pequenos delitos, que abrem as portas aos grandes delitos.

 Contudo, ao contrário do «pequenino», os verdadeiros problemas da educação estão: na burocracia e restrição da autonomia do professor, na facilitação quer em termos de aprendizagem quer da indisciplina - às vezes estão ligadas porque quando um aluno não se empenha e é levado ao colo, a indisciplina encontra uma arena para se desenvolver, pois tais alunos ou estão no telemóvel ou perturbam a aula.

Concluindo, a falta de funcioários é um problema, mas o nó górdio está na cultura do facilitismo que não penaliza os alunos que não se empenham e na indisciplina permitida par não se afrontarem os pais, pricipalmente dos superprotetores cujos filhos não fazem nada de errado. 

Um ano após a reforma.

vai-teaosprofessores, 23.01.25

Um ano após a reforma, além da recuperação do tempo de serviço, pouco mudou na educação.

O Maia continua «clandestinamente».

Os diretores lutam por ultrapassar a limitação de mandatos.

Os professores têm de ser "solidários". 

Com estes exemplos parece que nada vai mudar de substâncial. 

A escola pública a caminho do modelo ainda mais autoritário?

vai-teaosprofessores, 06.12.24

Ainda não há propostas concretas oficiais, mas já indícios de que podemos estar a caminhar para um reforço dos poderes dos diretores e de uma abertura para que as restrições à sua continuidade sejam levantadas, com a recomendação 1_2024 de 3 de dezembro dos CE (Conselho das Escolas).

Ideologia por de trás destes desenvolvimentos é o gerencialismo (gerencialismo é o meio de implementação das políticas públicas previamente desenvolvidas e impostas à organização, neste modelo, a administração pública passa a enfatizar a eficiência), de que as instituições devem ter uma gestão forte e identificável para poder ser correia de transmissão (linking pins) das políticas definidas. O que interessa são os resultados, não a maneira de serem atingidos, pelo que as atitudes impositivas são toleradas. Assim, há diretores que só se preocupam em tudo controlar, os coordenadores de departamento, os membros professores do Conselho Geral e Conselho Pedagógico.

Outro problema deste modelo é o que mede como eficiente: a aplicação das orientações superiores. Lembro-me de um diretor que quando se questionava as políticas, apontava para cima com o dedo e dizia ordens superiores...Logo é um modelo que desqualifica quem aplica, o que é coerente com a subalternização dos professoreszecos.

A eficiência da escola nos resultados escolares é secundarizada, assim os piores resultados da escola portuguesa no Pizza e TIMSS (a matemática no 8º ano) não fazem inverter as políticas públicas, nem pensar num modelo de gestão que mobilize os professores para a melhoria dos resultados dos alunos.

O "venerável conselho das escolas", órgão onde se reunem os diretores parece mais perocupado com o seu futuro, em termos de carreira à parte do que com um ECD que garanta mais autonomia para os zecos. Será por acaso que numa proposta de mudança da legislação em vigor se altere «orgão de direção» por diretor (veja-se https://guinote.wordpress.com/2024/12/05/uma-pista-sobre-o-futuro-modelo-de-gestao-que-sera-o-mesmo-mais-ou-menos-cosmetica/?). Sobre a continuação no poder dos diretores em vias de não poderem continuar por limitação de mandatos, o que significa a proposta de suspensão destas normas a partir de janeiro de 2025 - proposta 1 sobre REGIME DE AUTONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E GESTÃOESTATUTO DO DIRETOR?

Pegando na recomendação 1_2024 do CE veja-se a proposta 7b: considere o diretor e o coordenador de departamento como os dois avaliadores. Mas vamos avaliar o que o professor consegue com os alunos ou monotorizar o seu respeito pelo normativo, isto é, vamos valorizar os resultados obtidos ou se foi um executante adequado dos normativos e instruções emanadas? Para o primeiro caso a avaliação do diretor não é necessária e pode ser complementada pelo avaliador externo, para o segundo caso já só conta a avaliação do diretor, como é a prática atual, onde atua subrepticiamente. Para evitar ruído, surge a proposta de se acabar com os avaliadores externos, o que é coerente com o modelo gerencialista e se afastam testemunhos não controláveis (o coordenador de departamento é eleito a partir da proposta de 3 nomes do diretor e a tática tem sido alargar a mais grupos os departamentos para ter a certeza de que nos nomes propostos estão fiéis seguidores). Já agora porque não eleger os coordenadores de departamento sem restrição dos 3 nomes e portanto sem a mãozona do diretor?

Concluindo, as propostas vão todas no sentido do reforço do modelo dominado pelo diretor, eleminando-se os ruídos que possam surgir. A transparência, o reforço dos resultados escolares são secundários.

Casos de rescisão de contrato: os novos professores desejados mas escorraçados.

vai-teaosprofessores, 16.10.24

Chegaram-me notícias de que jovens professores, acabados de conseguir um lugar no quadro, estão a rescindir o seu contrato de trabalho. As causas são diversas, a incapacidade de sustentarem os custos da habitação e deslocação (não sei se poderiam receber os apoios recentes, pois, não são para todos), não estarem para aturar as prepotências de alguns diretores, que gostam de marcar território em relação aos novos e sentirem-se assoberbados com o trabalho burocrático.

Nestas conversas tidas com vários colegas, questionei se não era cedo demais, após um mês de aulas, para já surgirem problemas com os diretores e a burocracia. Em relação à burocracia foi-me explicado que ela surge em força logo nas primeiras reuniões, principalmente quando se junta a imposição de diagnósticos com a abelhinha. Em relação aos diretores, foi-me explicado que num caso este costumava marcar com veemência o seu território na apresentação, tendo a professora em causa dito que não precisava de sermões ex-ante e nem ao pai permitia esse tratamento; outro caso esteve relacionado com um pedido de ajuste de horário que foi recusado, quando foi proposta uma troca com acordo de um colega.

Portanto, voltámos a revisitar ao nível micro, de exemplos, os problemas macro que temos alertado em posts anteriores. Realço, que a gestão escolar surge como um problema a resolver. mesmo para atrair novos professores. Quando o mundo aparece dividido entre democracia e autocracia, tem sentido continuarmos a promover a autocracia nas escolas, por falta de balanceamento de poderes? Alguém disse que os contrapoderes são essenciais para candidatos tipo Trump. 

A gestão escolar: propostas de revisão

vai-teaosprofessores, 09.10.24

Num recente convívio de professores conheci mais um caso de assédio de um diretor sobre uma reclamante da avaliação docente. Portanto, neste caso, surgem dois dos estrangulamentos existentes nas escolas, a gestão escolar, sem contra-balanços e a avaliação docente arbitrária e controlada também pelo diretor, ainda que aqui também com a cumplicidade de muitos coordenadores de departamento, por si, escolhidos. 

Falar de problemas sem falar de soluções não me parece apropriado, assim, acho que a avaliação docente não devia ter qualquer atribuição dada aos diretores. Este seria um contrabalanço importante. Mas, a maior contradição está em os professores promoverem a democracia, mas estão impedidos de a praticarem plenamente: com escolhas limitadas, dos coordenadores de departamento, onde escolhem perante 3 nomes; ao ficaram reduzidos na representatividade do Conselho Geral, com menos de 50%, e através deste ficaram limitados na escolha do diretor.

Também entendo que outro contrabalanço que devia existir, seria a eleição do «diretor pedagógico», autonomamente do diretor que tem o poder hierárquico, que deveria ter a coordenação da avaliação dos professores.

Reparem como o meu enfoque é em dividir os poderes, não numa tabela de vencimentos para os diretores, coordenadores e adjuntos.

Uma prova contundente da degradação subtil da educação.

vai-teaosprofessores, 02.10.24

Esta notícia de primeira página alerta-nos para que a sociedade portuguesa está-se a tornar injusta socialmente, na medida em que o elevador social da educação está a implodir.
Vejamos as causas:

1. Os projetos educativos que vieram retirar o rigor ao ensino, mantendo os exames, potenciam uma adaptação dos alunos mais ricos e com capital cultural familiar, que através das explicações ou de acompanhamento familiar, contornam os mecanismos de facilitação do sucesso escolar, lutando desta forma contra a degradação do ensino. 

Os instrumentos usados vão desde o projeto Maia, que diversifica as rubricas de avaliação em contraste com o que é avaliado nos exames; até colocar no professor o ónus da prova do insucesso do discente, levando a que os professores prefiram dar o 10 a preencher a papelada.

2. O agravamento das condições de vida, como a subida da habitação ou quartos, que excluem muitos alunos da inscrição no ensino superior, mesmo depois de terem garantido o acesso.

Concluindo, a sociedade portuguesa está a ser capturada pelos mais ricos, ao nível do ensino, através de mecanismos que valorizam o recurso às explicações, bem como ao nível do social, com o encarecimento da habitação e degradação dos serviços públicos. 

Um ministro sensato que dá um primeiro tiro ao lado.

vai-teaosprofessores, 01.10.24

Um ministro sensato na medida em que tem sabido identificar os problemas da educação. Alguns precisam de medidas de fundo, mas dada a urgência, têm sido tomadas medidas paliativas, como o concurso para os territórios com falta de professores, o subsídio de deslocação em função dos kms para os mesmos agrupamentos, o regresso dos professores reformados ou a sua manutenção em funções uma vez atingida a idade legal de reforma (ainda que que não seja novidade, há também uma medida semelhante com os médicos, mas com melhores incentivos monetários na saúde). Tudo medidas de bom senso, ainda que a resolução estrutural dos problemas esteja também em marcha ao nível do diálogo, pelo menos no que se refere à revisão do ECD, mas ainda sem se conhecerem as intenções, mas se se eliminarem os estrangulamentos no 4º e 6º já seria positivo,  conforme deu a entender em entrevistas que parecem indicar a disponibilidade de se ir neste sentido. Outra medida sensata foi o fim do projeto Maia, um dos que mais contribuíu para a burocracia nas escolas, contudo, é urgente rever muitos mais procedimentos burocráticos. Sobre o modelo de gestão, continua sem haver medidas anunciadas, quando sabemos que é um dos fatores que afasta professores das escolas devido a um clima de bulling que alguns diretores promovem em relação aos que pensam diferente (como horários desconcertantes, avaliações penalizantes, quando não entram pelos processos disciplinares). 

Mas, eis que surge uma medida aparente sem racionalidade educativa, a devolução da internet móvel, que era um instrumento que permitia aos professores concretizar um ensino hibrído, diversificar os materiais de apoio, além de proporcionar aos professores uma ferramenta de trabalho digital gratuita, concretizando a facultação pela entidade empregadora de ferramentas de trabalho, cada vez mais importante quando se entra na era digital, nomeadamente com o uso de manuais digitais. Portanto se a justificação não é educativa, será economica? Não deixa de ser um retrocesso e o aumento das despesas do professor para poder exercer a sua profissão ao ter de adquirir pessoalmente acessos à internet que utiliza na preparação de aulas ou mesmo nas aulas.

Concluindo, temos um ministro que toma medidas sensatas, evita o problema do modelo de gestão e tem um primeiro tiro ao lado com a internet móvel.

Faltam as medidas de fundo sr. ministro...

vai-teaosprofessores, 20.09.24

Não tenho escrito, uma vez que a minha condição de reformado não me permite acompanhar o dia a dia das escolas.

Em relação ao novo ministro deve reconhecer-se a tentativa de não escamotear problemas ou varrer para baixo do tapete. Contudo, as soluções têm sido pontuais, isto é, promove soluções para resolver problemas no imediato, como o subsídio de deslocação, mas só para alguns nas escolas carênciadas, a chamada de reformados, a possibilidade de bolseiros trabalharem.

O novo concurso em outubro, limitado a escolas carênciadas, já pode ser uma medida de mais fologo, que visa captar os professores que abandonaram a profissão. Mas julgo que sem medidas de fundo, como alteração de remunerações ligadas à nova carreira, sem mudar o modelo de gestão e atacar a burocracia (o fim da abelhida fui um passo, os técnicos para assessurar os DTs, podia ser outro pequeno passo, mas nada se vê no terreno), julgo que só atrairá uns poucos.

Portanto, faltam as medidas de fundo, tendo sido anunciado o novo estatuto da carreira docente, mas pouco se sabe. O modelo de gestão continua a ser tabu, medidas que alterem a desconfiança institucional no professor, que tudo tem de justificar, também não foram anunciadas.

Logo, só medidas paliativas para aliviar problemas agudos, mas sem se alterar a estrutura. Espero pela medidas de fundo para poder declarar que pode haver esperança na recuperação e autonomia desta profissão. Como melhoria das condições monetárias para todos, em especial no início da carreira, apoios generalizados na deslocação, novo ambiente nas escolas com novo modelo de gestão e acima de tudo confiança no trabalho do professor, que não precisa de justificar, o que não significa que não deve haver controlo das decisões do professor, mas à posterior e não ex-ante, ou seja que seja restaurada a autonomia do professor (não só dos diretores), ainda que sujeita a escrutíneo, como em todas as profissões altamente especializadas.

 

 

Comprar computadores a todo o vapor e por ajuste direto

vai-teaosprofessores, 25.03.24

O governo de saída e o seu ministro da educação, o vaidoso, não querem dar a mão a torcer, as provas informatizadas mantêm-se, mas liberta-se 6 milhões para poder comprar computadores. 

Menos dinheiro para o novo governo gastar e promover a compra de computadores a todo o vapor e só por ajuste direto, que todos sabemos ser uma porta aberta ao menos claro, como um relatório do tribunal de contas, sobre JMJ , veio chamar à atenção.

Como despedida, este futuro ex-ministro, mostra o seu «carisma», ignorar os problemas e querer convencer que fez tudo para os resolver. Também o fez com a falta de professores, com a não recuperação do tempo de serviço dos professores e o seu acelerador com pouca gasolina, etc.

Estou desejoso de comentar medidas do novo governo, até já me enoja comentar estes de saída, que na prática foram os responsáveis pela subida dos populismos, mas não o reconhecem.

Vale a pena vangloriarem-se de um excedente de 3,2 mil milhões, 1,2% do PIB, com os problemas que deixam?