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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Ainda a propósito da Filândia.

vai-teaosprofessores, 28.09.10

Ainda a propósito da Filândia aqui vai um testemunho real de uma colega:

A Escola na Finlândia: vale a pena ler!

 

 

 

Testemunho de Fátima F, professora de Inglês envolvida num intercâmbio com uma escola na Finlândia 

Vejam só a diferença!!!!!

"Em primeiro lugar quero esclarecer que esta visita correspondeu a mais uma mobilidade do Projecto - Eco-Sport, Eco-Culture and IT - integrado no Programa Comenius a que a minha escola (Sec. Augusto Cabrita - Barreiro) se candidatou e que neste momento já está próximo da sua conclusão, tendo sido iniciado no ano lectivo 2008/09. A iniciativa foi de professores de Informática que envolveram algumas das suas turmas de Cursos Profissionais. Eu integrei o projecto enquanto professora de Inglês de algumas dessas turmas. Neste Projecto estão envolvidas escolas de sete países: Portugal, Itália, República Checa, Polónia, Roménia, Suécia e Finlândia. Faremos 6 mobilidades e já recebemos na nossa escola as delegações dos outros 6 países em Outubro passado.

Relativamente à Finlândia a escola com quem temos este intercâmbio situa-se na pequena localidade dePerniö, na região de Salo, a 2 horas de camioneta da capital Helsínquia. Perniö tem:

Uma Secondary School - frequentada por alunos dos 12/13 aos 15/16 anos - correspondente ao nosso 3º Ciclo - 234 alunos e 23 professores ; 3 ou 4 funcionárias (de limpeza) e a Directora.

 

Entrada da Escola com os trenós.

 

 

Hall de entrada. Casacos e calçado são tirados. Os alunos andam em meias por toda a escola. Conforto e limpeza!!!

 

Alunos em aula. Cadê os 28/30 alunos? Entre os 16 e os 20 alunos!

 

O refeitório: a comida vem de um serviço de catering. Há 1 funcionária que coloca a comida nas cubas, os alunos servem o seu próprio prato, limpam o prato e os talheres que arrumam num balcão, as mesas ficam sem uma migalha e suspendem as cadeiras nas mesas para que tudo fique arrumado e reduza o trabalho da funcionária. Os alunos não pagam a refeição.

 

Sala de Informática

 

 

Laboratório de Línguas

 

 

Sala de Professores - pode ver-se um balcão onde os próprios professores preparam os seus lanches, fazem café ou chá ou aquecem alguns alimentos. Não há bares, nem de alunos nem de professores. Poupam-se assim funcionários!

 

Ao lado da sala de profs. - Reprografia sem funcionário. São os professores que preparam o seu material.

As dimensões não são comparáveis com a nossa realidade. No entanto, o poder central não fecha escolas, pois considera importante a manutenção dos jovens nas suas terras.

A educação é da responsabilidade da " municipalidade" ( se me é permitida esta tradução), embora o sistema educativo seja regulado por um "Gabinete da Educação" central, logo comum a todo o país.

Recepção musical pelos alunos finlandeses.

 

 

Os sapatos à porta da sala!!!!

 

 

Não há toques de campainha. Alunos e professores entram e saem à hora certa.

 

Aula de Inglês

 

 

Aula de Ioga

 

 

Alunas do intercâmbio interagindo em actividade criativa sobre o tema "Common Europe"

 

Visita Cultural à cidade de Turku

Horários

- Professores- 36 horas semanais - aulas + actividades ( incluindo preparação de aulas)

-   Alunos -  começam às 8.00h terminam às 14.00h - depois das 14 horas, os alunos calendarizam actividades - música, teatro ou desporto. Podem pedir sessões de apoio aos professores.

Os professores entre as 14horas e as 16horas marcam com os alunos as várias actividades de acordo com as necessidades. Nada está definido à partida. Os professores estão disponíveis para o que forem solicitados.
- Turmas - de 16 a 20 alunos, contudo como se trata de uma Upper School, pode haver grupos maiores já que neste nível de ensino a progressão dos alunos faz-se por acumulação de créditos. Para poderem realizar os Exames Finais  ( Nacionais) os alunos têm de ter um mínimo de 75 créditos. Há disciplinas obrigatórias consoante a vertente dominante da sua formação. Este sistema permite que um aluno que queira seguir uma área de Ciências possa escolher disciplinas da área de Humanidades desde que cumpra as disciplinas consideradas obrigatórias na sua área. Os alunos vão-se inscrevendo nas disciplinas para fazerem créditos e tendo em conta os horários em que as disciplinas funcionam logo, pode acontecer haver grupos maiores.
Nota: Este sistema de créditos é o sistema de todo o país.

Disciplina/ Comportamento - os alunos cumprem as regras de disciplina da escola. Quando há problemas os pais são chamados à escola ou contactados por telefone. Quando os alunos não querem estudar ( já estão fora da escolaridade obrigatória) abandonam, mas são uma minoria. Os pais vão pouco à escola!! Só quando são chamados.

Faltas - quando faltam os alunos apresentam justificação dos pais ou do médico. Não há limites. Cada situação é avaliada pelo professor da disciplina que terá a assiduidade do aluno em conta na avaliação. Se é um aluno com muitas faltas e nos testes não tem resultados positivos, é automaticamente assumido que isso significa reprovar, isto é, não acumula créditos. Não há recuperações, nada! O que conta é o número de créditos que cada um tem de conseguir para poder fazer os exames finais! Os alunos muito interessados em alargar as suas áreas de conhecimento fazem créditos a mais e enriquecem o seu currículo escolar.

Avaliação dos Professores - são avaliados anualmente pela Directora da escola que se limita a observar o trabalho dos docentes durante o ano nas várias vertentes. Só têm aulas assistidas pela Directora quando surge algum problema relativo ao seu trabalho. Esse problema pode vir de queixa apresentada pelos alunos, pelos pais ou até mesmo por outros professores ( mais experientes) que podem detectar irregularidades ou dificuldades.

 Cada professor tem a sua sala com todo o seu material. Até parte do trabalho administrativo, registo de progressões , é feito pelos próprios professores, tanto que a escola não tem Secretaria. Tem o gabinete da Directora que realiza o trabalho necessário.

Nota: A burocracia não deve ter nada a ver com a montanha horrível de papel que nós temos nas nossas escolas portuguesas.

É tudo simples e eficaz: as salas estão abertas, não há funcionários a tomar conta dos meninos porque vandalizam e roubam os equipamentos ou porque roubam os telemóveis uns aos outros, os pais não andam a correr para a escola a queixar-se da má relação que o prof. X tem com o filho, ou que a filha é vítima de bullying, ou que a comida no refeitório não presta, ou que o professor pôs o filho na rua, etc... A escola é respeitada. Enquanto os filhos estão na escola, têm de cumprir as regras da escola e "ponto final". Só como exemplo, sempre que nós entrávamos numa sala de aula, os alunos levantavam-se e cumprimentavam-nos " good morning".

 

 

 

   

 

 

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A questão dos megragrupamentos

vai-teaosprofessores, 16.09.10

Hoje vou analisar a questão dos megagrupamentos, porque a questão do fecho de escolas, desde que feita com bom senso é atendível se houver melhoria das condições de aprendizagem. O bom senso passa pela escola substituta ficar a menos de meia hora de viagem da aldeia das crianças. Os problemas que se conhecem só demonstram falta de bom senso ou uma política impositiva e não dialogante!

Já sobre os mega importa questionarmo-nos: qual  será a dimensão ideal de escola? Este é um caminho intelectualmente correcto, já os critérios economicistas serão uma forma de facilitismo. Bom não tenho uma resposta fechada à pergunta colocada, mas para os mais novos cerca de 500 alunos será uma dimensão ideal para a gestão conhecer e acompanhar os processos individuais e avaliar 50 professores. Para os mais velhos será talvez um número de 700 alunos e 80 professores para acompanhar individualmente. Onde fui buscar estes números? Claro que à experiência filandesa. Admito que para o caso português se possa no imediato, numa primeira aproximação colocar como objectivo os 700 e os 1000 respectivamente, mas à medida que se vai reconstruindo o parque escolar, será correcto apontar para os números ideais como objectivos a concretizar numa década. Claro que com estes números teriamos de criar mais escolas nos concelhos, que é o que se está a fazer, o errado é criar unidades de gestão megalómonas, onde o director não acompanha individualmente os alunos e professores, mas onde só tem tempo para resolver as crises que vão surgindo. Os directores dos megas não conhecem a realidade, só os problemas e tornam-se gestores de crises e não planeadores de novas soluções ou de novos processos.