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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Post sobre facilitismo e novas oportunidades do Guinote

vai-teaosprofessores, 24.02.11

Com a devida vénia transcrevo do educarwordpress.com o seguinte artigo sobre o facilitismo e as novas oportunidades:

«Porque há dias em que não apetece sequer reagir. Aos factos e ao politicamente correcto.

Há umas semanas apresentei aqui umas imagens de respostas a um questionário muito básico que fiz numa turma de 5º ano (PCA) para espavoréu de algumas consciências e outros tantos preturiões da ética docente.

Os erros foram de tal forma pasmosos que reconsiderei boa parte do trabalho com aquela turma e revolteei sobre os mesmos conteúdos (número, género e grau dos nomes). Semanas depois voltei à mesma ficha e não é que as coisas melhoraram de forma meramente residual?

Foi logo pela primeira aula da manhã, o que me fez ficar a reconsiderar o que ando por ali a fazer e o dia todo a remoer. Mas já quase nem lhes disse nada.

Pior… cedendo às parvoíces do politicamente correcto, nem estou para digitalizar os novos disparates porque já sei que se armaria novo circo em torno do acto da divulgação dos disparates sobre a diferença entre plural singular, masculino/feminino e aumentativo/diminutivo.

Repito que estes alunos não estão sinalizados como tendo NEE. Apenas não trazem caderno em muitos casos, na maioria não distinguem ainda o lápis da esferográfica e ficam com o olhar perdido no amarelo da mesa quando qualquer coisa escrita lhes é colocada à frente para ser lida e interpretada.

Não há vocabulário básico e mesmo que se tente transmiti-lo, acham desnecessário. Consideram que o que escrevem é quase o mesmo que o certo. Em alguns casos falta o próprio acto de escrever, mas observam-me como se fosse um doidinho chalupa quando lhes digo que precisam MESMO de tentar fazer alguma coisa.

Pior, há ainda aqueles que (incluindo o que acha que, desta vez o aumentativo de rapaz é apenas )se riem e acham graça à minha evidente desesperança.

Mas o erro não está neles, verdade se diga.

O erro está na universalização do espírito-Novas Oportunidades a todo o sistema de ensino que acede às orientações da tutela em matéria da representação estatística das aprendizagens.

O erro está na culpa atribuída à ensinagem, nas palavras de alguns guronsans do eduquês.

Um espírito que garante o sucesso sem lhes dar qualquer suporte para além do professor na sala de aula e do conselho de turma em estado de choque com alunos que ainda no 2º período hesitam fortemente com a quantidade de jogadores numa equipa de andebol (a hipótese 7 surge depois de esgotados quase todos os algarismos de 1 a 9, mesmo antes do 0).

Há dias assim.»

A escola pública reage aos problemas que lhe criam

vai-teaosprofessores, 16.02.11

A escola pública começa a reagir aos problemas que lhe estão a criar, a saber: avaliação dos docentes, redução de efectivos, clima de desconfiança entre os professores, etc.

Começo por considerar que o principal problema da escola pública é o da indisciplina resultante da pressão para os alunos não terem insucesso escolar, porque há alunos que vão passando sem alcançarem objectivos mínimos, o que os leva a terem comportamentos incorrectos na sala de aula e destes comportamentos não resultam quaisquer sanções, alguns ainda são premiados com passagens de ano. Este problema começa a ser debatido na sociedade, também na escola, o que já é um aspecto positivo.

O segundo grande problema que causa instabilidade é sem dúvida a avaliação de professores, que veio criar um clima de desconfiança generalizado entre professores, porque o sistema é injusto, avaliadores e avaliados são concorrentes dentro da mesma quota, e porque a operacionalidade de vários parametros da avaliação não tem muita lógica em face das condições objectivas de funcionamento das escolas. Sobre o assunto li no blog do Guinote um texto em que se colocavam várias questões sobre os parâmetros com toda a pertinência. O problema com esta avaliação de professores é esta desviar o trabalho dos professores da sua principal actividade que deve estar centrada nos alunos.

Por último a senda economicista continua, reduzindo-se o número de professores, quando se devia era reafectar os docentes para as áreas consideradas chaves para se realizar o sucesso desejado. O caminho não é decretar-se o sucesso, mas criar-se condições para que ele aconteça, o que em muitos casos implica empenhar recursos humanos e não o contário. Como diz o povo não se pode fazer omoletes sem ovos ...

Depois de um período de acalmia e à medida que se constata a inoperância das soluções propostas, a escola pública começa a reagir, ainda timidamente, mas creio que se vai verificando um crescimento sustentado.

O fim da escola a tempo inteiro

vai-teaosprofessores, 09.02.11

As medidas que o ministério da educação está a implementar são medidas economicistas que visam retirar alguma gordura ao sistema de ensino, mas que por outro lado põem em causa a bandeira do governo da escola a tempo inteiro, e nalguns casos a qualidade do ensino, como na disciplina de ETV,  e a preocupação social da escola, ao acabar com áreas que deviam ter um papel importante na recuperação do insucesso escolar como o estudo acompanhado.

Ora o rigor orçamental obriga a meter na gaveta certas bandeiras governativas, como a escola a tempo inteiro, que vai sofrer algum revés com a diminuição dos tempos lectivos dos alunos a partir do 2º ciclo. Mas quem está no terreno sentia que os alunos tinham sobrecarga horária. Assim sendo, o que está errado é o objectivo escolhido pela governação, que não resistiu às primeiras dificuldades, o que demonstra que não era uma prioridade.

Já os aspectos relacionados com a qualidade de ensino, ainda não estão na agenda política, ou seja, a opção política continua a apostar na quantidade, mais escolaridade obrigatória, mas nada é dito quanto à qualidade, que deverá aparecer como resultado indirecto com a implementação da Avaliação dos Docentes, na medida em que são propostas metas de resultados mais ambiciosos? Julgo que a avaliação docente não vai produzir resultados, porque a escola não muda, além dos professores avaliados prepararem cuidadosamente duas aulas assistidas ... Não é por aqui que se vai melhorar a qualidade de ensino, talvez com outro modelo de avaliação que estimulasse o trabalho de grupo e a reflexão conjunta se conseguisse alguma melhoria, além de mecanismos de apoio aos alunos em dificuldades, que obviamente custam dinheiro, que agora não há.

A preocupação social da escola como garante de igualdade de oportunidades também vai sair prejudicada, na medida em que os mecanismos existentes que constiuiam uma oportunidade de recuperar alunos, ou tão só de se suprir as deficiencias apresentadas pelo aluno em termos de capital cultural, vão desaparecer da organização escolar ou ser restringidos.

Concluindo, houve um flop na bandeira governamental da escola a tempo inteiro, houve diminuição da qualidade de ensino e menor preocupação social no âmbito da política escolar, o que em nada contribui para se dignificar a escola pública.