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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

A problemática das praxes

vai-teaosprofessores, 28.01.14

Está na ordem do dia a discussão sobre as praxes, mais precisamente sobre os seus exageros. Eu estudei em Coimbra numa altura em que as praxes estavam abolidas por a academia estar de luto. Ou seja, os etudantes da altura entenderam que havia questões mais importantes do que as praxes na agenda do estudante: a luta pela democracia e depois pela sua consolidação, a preocupação com questões sociais e políticas no PREC. Mas, nos dois últimos anos de ensino universitário travou-se um debate sobre as praxes, existinto os que estavam contra, os que as queriam modificar para acabar com os seus excessos e os que a queriam manter como estava antes do luto académico. Ganharam os últimos, estando eu no grupo que queria modificar as praxes para perder o seu caráter elitista e de atos indignos sobre os caloiros, no sentido de falta de respeito pela dignidade das pessoas.

As praxes foram-se consolidando com os seus aspetos mais negativos a dominarem, como o predomínio do seu aspeto elitista e de pouco respeito pela dignidade do ser humano.

Está-se a chegar ao momento, fruto dos exageros que aparecem relatados, em que a opinião pública começa a questionar certas práticas e portanto a solução que defendi no final dos anos setenta começa a poder fazer o seu caminho, que na prática se traduzirá por haver um regulamento de praxes bastante restritivo dos atos permitidos e a atuação administrativa dos institutos universitários nos casos de abusos e da justiça uma vez que há violações claras da lei criminal, que o subterfúgio dos termos de responsabilidade não impedem a justiça de atuar, assim o precione a opinião pública.

procrastinar

vai-teaosprofessores, 21.01.14

Algumas das minhas turmas têm alunos que estão-se a tornar verdadeiros artistas na arte de procrastinar, começam por chegar à aula no limite do tempo de tolerância, de 10 minutos nos primeiros tempos. Depois encostam-se à parede ou esticam as pernas, numa atitude de relaxamento, que dura outros 10 minutos. O professor manda-os sentarem-se direitos e trabalharem e eles lentamente abrem o caderno e os materiais de apoio, outros ainda pedem aos colegas as perguntas, apesar de já as terem, para o professor registar o seu interesse, entretanto passaram mais 10 minutos. Passados uns minutos, o professor constata que ainda não fizeram nada e manda-os trabalhar, de novo, alguns respondem que já não vale a pena, pois metade da aula já passou, de fato estamos a cerca de 10 ou 15 minutos do fim da aula e a cabeça destes alunos já está no intervalo. A aula foi perdida apesar do esforço do professor para que trabalhassem.

 Este é um retrato de cada vez mais alunos no final do secundário em cursos profissionais. O professor tenta pô-los atrabalhar, ameaçando-os com nota negativa no empenho, um dos critérios de avaliação, ou mesmo marca falta de material quando não têm o caderno ou materiais de apoio, ou ameça enviá-los para a pedagogia quando perturbam a aula, mas nada resulta. É frustrante.

A escolaridade obrigatória até aos 12 anos

vai-teaosprofessores, 14.01.14

O congresso do CDS veio levantar o debate sobre a pertinência do prolongamento da escolaridade obrigatória após o nono ano. Apesar de não partilhar a ideologia do CDS, antes pelo contrário, poderá haver pontos de acordo com a doutrina social da Igreja, a que o CDS só se cola quando lhe convém, também tenho dúvidas sobre aumento da escolaridade obrigatória até aos 12 anos. 1º porque estamos a impôr, em vez de criar condições para que esta ideia (em teoria correta) seja aceite pela sociedade através de estimulos e do debate de ideias. 2º tenho-me deparado com muitos alunos nos profissionais que frequentam a escola sem vontade, o que resulta em fracos resultados, quando não são passados administrativamente- ou seja, põe-se o problema debaixo do tapete -, problemas disciplinares e excesso de burocracia com os planos de recuperação de faltas. A minha experiência diz-me que fazer da escola «contentor» de certos alunos para os pais não terem problemas com as comissões de proteção de menores é uma solução que traz para a escola mais problemas. Claro que do ponto de vista do emprego de professores mais alunos forçados a estar na escola significa mais horários.

Assim, acho que faz toda a pertinência debater o assunto e mesmo pensar se os recursos empregues com esses alunos não seriam melhor empregues com alunos motivados, mas a precisar de ajuda?