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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Assim vai a educação

vai-teaosprofessores, 27.05.14

Aproxima-se o final do ano letivo e aparecem peças legislativas como o concurso para os quadros, a organização do próximo ano letivo, a discussão do calendário escolar, para só referir as mais importantes.

Começando com a última, concordo com a denúncia da subordinação do calendário escolar ao organismo que superintende nos exames, que veio criar perturbações no final do ano letivo, com um 3º período bastante curto, porque condicionado ao calendário religioso, e com bastantes quebras para exames e para corrigir exames. Para o ano algumas destas perturbações podem ser corrigidas, mas não acredito que se ignore o calendário religioso.

Sobre o concurso parece-me muito limitado nas vagas, podia-se ter ido mais longe, mas sabemos que a educação vai continuar a sofrer cortes e portanto para a lógica deste governo, devem só ter aberto vagas que fazem mesmo falta ao sistema numa perspetiva muito conservadora.

Quanto à autonomia, o atual modelo de gestão afasta os professores diretamente da escolha da gestão, pelo que esta é uma autonomia da gestão (da liderança) - para esta visão da autonomia só a liderança importa conjugada com um corpo docente domesticado - e não da escola e dos seus principais atores os professores, com a consequente quebra de motivação, que o recente estudo da UM, vem demonstrar.

Lembro aqui que está para sair legislação que proibe os funcionários públicos de falar sobre assuntos relativos ao seu local de trabalho, pelo que estarão em causa os blogs sobre educação, incluindo este, pois muitas das vezes escrevo sobre assuntos da escola e da educação.

A derivada autoritária deste governo: a lei da rolha na FP

vai-teaosprofessores, 20.05.14

Está em cima da mesa uma proposta de código do trabalhador da função pública (FP) que vai impôr a lei da rolha aos funcioários públicos, mesmo depois de sairem de um serviço. Assim, um funcionário público deixa de poder denunciar o que se passa no seu serviço. Por exemplo, quando no passado denunciei uma turma só de repetentes, após esta proposta entrar em vigor já não poderia mais fazê-lo. Um médico que vê os seus doentes não terem o tratamento adequado, por motivos financeiros, deixam de poder falar à comunicação social, e portanto, o povo deixa de saber o que se passa nas unidades hospitalares.

Esta é uma deriva autoritária, que põe em causa um dos pilares da democracia, a possibilidade de tudo poder ser discutido. Os médicos, felizmente reagiram com prontidão a esta proposta e está em cima da mesa o corte de relações com o ministério e uma greve. Os professores estão acomodados. Este combate, contudo, é crucial, começa a estar em causa o regime democrático na sua pleinitude. Não devemos deixar reduzir a democracia somente à sua vertente representativa.

Piketty e a educação

vai-teaosprofessores, 13.05.14

O livro de Piketty sobre o «capital no século XXI» abre um novo campo de reflexão sobre a educação, que parece perder o poder de ser fator de ascensão social à medida que os 1% dos detentores da riqueza captam a maior fatia da riqueza criada. Voltamos pois ao mundo que o fator de ascensão social é o casamento, como nalguns romancistas do século XVIII, aparecendo a educação subalternizada. (No meu blog abelhudo-economicus podem obter um resumo da análise de Piketty).

Claro que o caso dos EUA é diferente da Europa em que o trabalho especializado explica uma parte dos detentores da riqueza com base nos altos salários que indiretamente atribuem a si próprios. Neste caso parece que a educação ainda terá um papel preponderante neste tipo de rendimento. Isto coloca a educação, ainda, como um fator de ascenção social, quando se acede a certos empregos de topo ou se consegue ser ator de inovações teconológicas como na Microsoft ou na Apple. Ou seja, o sonho americano ainda é uma realidade, ainda que mais mitigada, com a predominância do capital herdado.

Outro elemento da análise de Piketty é a inovação tecnológica que reforça os mecanismos de apropriação da riqueza pelo capital quando a taxa de substituição de capital por trabalho é superior à unidade, isto implica que há cada vez menos empregos e somente para pessoas com estudo, isto é, quanto mais robotizada estiver a produção mais o trabalho é especializado e não indiferenciado. Daqui parece concluir-se que a educação é essencial para se obter um emprego, mas cada vez menos para servir de veículo de ascensão social.

O aumento previsto para 2015

vai-teaosprofessores, 06.05.14

O ano de 2015 será um ano eleitoral, com eleições para a AR, o que naturalmente põe os governos a tomar «medidas mais amigas do eleitor», mas agora prometem-se essas medidas, antes de outras eleições, para o PE, assim jogam-se as medidas nos tabuleiros eletorais duas vezes.

Para os funcionários públicos está prevista uma redução da taxa de solidariedade de 20%, o que na prática só vem repor os ordenados comidos pela inflação, pois além das taxas e outras medidas que diminuiram os vencimentos, houve uma correção dos salários pelo «imposto inflacionário», o que muita gente se esquece, quando existe ilusão monetária. Assim, para 2015 existirá pelo menos uma correção monetária dos salários dos funcionários públicos.

Além disso, haverá a entrada de cerca de 2000 professores no quadro, o que vem reforçar a medida anterior no sentido de captar votos.

Mas será que o povo português perdoará o forte ataque aos funcionários públicos - e pensionistas - por uma meras migalhas, com aumento ligeiro de impostos?