Os cursos vocacionais
Este ano sou codjuvante de um curso vocacional e ao fim destas duas semanas de aulas começo a compreender esta iniciativa educativa.
Acho que o principal objetivo é melhorar as estatísticas, oferecendo a alunos repetentes uma formação alternativa, mais profissionalizante e menos exigente, de forma a melhorar os resultados dos cursos normais uma vez expurgados dos elementos mais perturbadores e com insucesso escolar.
As aulas destas turmas são mais exigentes em termos de desgaste do professor, quer pela tendência para a indisciplina, quer por os alunos não assimilarem a matéria à primeira, tendo de haver várias repetições.
Dentro da escolaridade obrigatória cria-se um percurso escolar para os alunos de insucesso da trajetória normal, onde haja mais ligação ao mundo do trabalho, ao incluirem-se estágios e onde, a avaliação possa ser mais permissiva. Ou seja, cria-se um percurso que não interfira com as avaliações e que mantenha tendencialmente os alunos dentro da escola até aos 18 anos, o que também ajuda as estatísticas do desemprego.
O problema mais fácil de resolver é o da indisciplina, quer com a presença de dois professores na sala de aula ou com a turma dividida em dois turnos, mas o problema da motivação, esse não fica resolvido, mas contido nos seus efeitos sobre o sistema de ensino, quer aumentando o sucesso das turmas regulares expurgadas destes alunos, quer garantido matérias e conteúdos mais simples.
Concluindo, o que se faz é equivalente a varrer o lixo para debaixo do tapete, onde ninguém o vê, mas o que devia ser feito era reciclar o lixo, isto é, transformar o insucesso em sucesso.