A chamada de atenção do CNE para as reprovações
Foi conhecido esta semana o relatório do CNE sobre os 150.000 alunos reprovados anualmente. Discordando das relações entre estas reprovações e a indisciplina que aponta, porque penso que a indisciplina é um fator de insucesso e não o contrário, acho que é possível pensar noutro modo de tratar as reprovações em relação ao atual modelo. Mas acho que o entrave a qualquer reforma são as restrições financeiras.
De facto sou a favor de dar mais hipóteses aos alunos com insucesso, principalmente quando o insucesso se restrinja a um número limitado de disciplinas. Dando-se uma nova oportunidade, como já acontece no quarto ano, após um período de aulas suplementares de recuperação. Esse período pode ser ainda no mesmo ano letivo, nos anos de exames, ou transitar para o ano letivo seguinte com aulas extras, nos anos sem exame. Mas tudo isto representa gastar mais dinheiro e não me parece que, com este governo, seja possível, apesar o CNE dizer que a redução de reprovações representa uma popança de 4.000 € por aluno. Esta contabilidade é verdadeira a longo prazo, mas a curto prazo tem de haver um corte adicional de 700.000 milhões. Portanto, esta chamada de atenção do CNE, implica uma nova política educativa.
Não acho que se deva alterar o sistema de exames existentes, portanto não introduzir mais facilitismo, mas preparar melhor certos alunos para estes exames. Agora penso também que as reprovações traduzem o facilitismo reinante nas avaliações internas, com inflacionamento das notas, «para servir de buffer shock aos azares dos exames».