Ontem à noite assisti a mais um «olhos nos olhos«, agora sobre a educação. Alguns dados que quero realçar é que houve um corte de 1500 milhões de euros na educação sendo 2/3 com salários de professores e 1/3 com ganhos de eficiência com a concentração dos alunos em agrupamentos. Ora, com a reposição salarial o orçamento do MEC, vai subir dos atuais 8 para 9 mil milhões de euros. Ficou a ideia de que se tem de continuar a reduzir custos ao nível dos ganhos de eficiência (conclusão de Davide Justino) a que contraponho a necessidade de se reduzir os juros da dívida pública, para permitir os aumentos salariais e para relançar a economia.
Por outro lado, como defende Guinote, o ensino tem melhorado, reconheceu Davide Justino, como provam os resultados do PISA, com mérito dos professores que mesmo com a sua condição de vida degradada, mantêm um profissionalismo assinalável e não levam para dentro da sala de aula as suas frustações.
Os alunos da via profissionalizante (profissionais e vocacionais) são cerca de 42% do total e foi reconhecido que há cursos com fraca empregabilidade, tal como acontece no superior. Esta situação de desfasamento entre a oferta académica e a empregabilidade tende a desmotivar o prosseguimento de estudos, no ensino superior, bem como, em menor escala no secundário. A formação de professores é uma área onde se sente este desfasamento, por via da redução de alunos resultante da demografia. Este ano tenho uma turma de humanidades exemplo desta desmotivação, em que dos cerca de 20 alunos só 4 aspiram a prosseguir os estudos, com 2/3 dos alunos a lutar pela nota mínima, não por falta de capacidades, mas por desmotivação.
A proposta de se evitar as reprovações dizia principalmente respeito ao básico e como contrapartida e sem por em causa a avaliação de fim de ciclo por exames, foi reconhecido que se teria de aumentar o apoio a tais alunos, o que me parece difícil, sem aumentar a despesa. Esta formulação do problema é por mim aceite, tanto mais que a questão demográfica libertará recursos humanos que podem ser aproveitados para se resolver esta necessidade de apoios.
A minha discordância foi de que o ensino hoje é mais rigoroso, pois acho, que se podia melhorar ao nível da redução da mentalidade facilitista, o objetivo deste blogue, pois, ao exigir-se mais não significa que o insucesso aumente, porque a gestão das expetativas pode levar os alunos a trabalhar mais. Eu tenho esta experiência, ao ser exigente, não tenho piores resultados que alguns colegas que facilitam, pois os alunos adaptam-se ao que se lhes é exigido.