Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Os centros de estudo: o caso da minha filha.

vai-teaosprofessores, 28.01.16

Nos últimos anos têm proliferado os centros de estudos. As famílias tiveram de recorrer aos centros de estudos para preparar os exames e porque com o aumento do horário de trabalho para as quarenta horas, muitas famílias tiveram de os deixar em centros de estudos, que os leva e trás das escolas, até os pais estarem disponíveis. No meu caso fui mais esta última hipótese que me fez colocar a petiza um ano num centro de estudos, porque o meu horário deixou de ser compatível e a mãe, que trabalhava ao pé de casa passou a trabalhar a 18Km e com mais uma hora de trabalho por dia.

Este ano que esteve no centro de estudos não foi brilhante, porque em vez de ir ganhando autonomia passou a estar dependente de um apoio para fazer os trabalhos. Tendo diagnosticado este retrocesso, em termos de autonomia e constaatando que estudar era resolver fichas, um modo de estudo virado para a preparação de exames, resolvi este ano trabalhar com a minha filha numa manhã que ambos temos livre e ao sábado. 

Acima de tudo estou preocupado em que a matéria dada na semana seja estudada/revista em casa, não deixando acumular matéria. As fichas não foram banidas, mas tornaram-se um auxiliar de estudo e não a única forma de estudo. Hoje a minha filha tem mais autonomia, por exemplo na matemática resolve o exercício, depois compara com as soluções e só depois pede ajuda, se houver discrepância de resultados. A petiza já sabe estudar, ganhou confiança e até já não quer que esteja ao lado, quando antes era insegura e estava sempre a pedir ajuda.

Todo esta reflexão vem a propósito de uma notícia em que se referia uma diminuição da procura de centros de estudo. Esta notícia procurava explicar esta diminuição com o fim dos exames, o que levou os pais a confiar mais nas escolas e não sentirem necessidade de ajudarem os filhos na vida escolar. Claro que haverá sempre uma procura para os centros de estudo, tendo a ver com incompatibilidade de horários, apoios em certas disciplinas, mas os centros de estudos devem mudar o seu enfoque, nos alunos do básico, passando da resolução de fichas para os ensinar a fazer, a ter método, até porque com a diminuição da procura o auxílio poderá ser mais individualizado e cada vez menos resolução de fichas.

Este tema é também demonstrativo de uma mudança de paradigma em educação, com os exames havia desconfiança no trabalho das escolas, procurando as famílias com estas desconfianças complementar com um centro estudos. Está por trás desta atitude a ideia do que é público é menos bom e que precisa de ser complementado com o privado, os tais centros de estudo. A machada final nesta mentalidade é a escola pública ter sistemas de apoio aos alunos, criando a verdadeira igualdade de oportunidades, sem depender das posses económicas das famílias. Este passo ainda está para ser dado, esperemos que se concretize a breve prazo. Outra diferença é haver um ensino mecânico, o treino para os exames e um ensino mais personalizado, capaz de ultrapassar as diferenças culturais existentes no meio das famílias e tornando a escola um verdadeiro centro de de ascensão social e de igualdade de oportunidades. Este é o verdadeiro debate sobre os dois paradigmas educacionais, os defensores de exames e os defensores de uma escola pública de qualidade.

A socialização na sala de aula

vai-teaosprofessores, 21.01.16

Entre escrever sobre a reposição da graduação profissional na totalidade dos concursos e o concreto, digo experiências vivênciadas no dia a dia escolho esta segunda, sem deixar de apioar a primeira.

Estou a dar aulas numa sala de informática sobre um programa informático e tenho tido conflitos com os alunos que acham que enquanto esperam por novas instruções podem ir para o outras áreas como o facebook, google, etc. De momento limito-me a fechar os respetivos computadores, mas já avisei que de futuro serão enviados para a biblioteca, porque quem manda é o professor e na sala é para se trabalhar, até a matéria planeada ser dada e o professor não pode ir logo ajudar um determinado aluno, pois tem mais alunos. Saber esperar é uma virtude e cumprir regras também.

Outro caso é os alunos acharem que tudo podem fazer na aula. A aula para funcionar tem regras, pois a vida em sociedade implica normas de conduta. Ora, um aluno entrou na aula a comer, foi-lhe dito que não podia comer e dirigiu-se para fora da sala para acabar de comer, mas sem pedir autorização. O professor questionou-o sobre se devia sair da aula sem pedir autorização e o aluno abandonou a aula e não voltou. Este episódio é demonstrativo da falta de regras na convivência social e da falta de respeito para com os professores, achando os alunos que podem fazer o que querem.

Contaram-me que há mesmo alunos que quando apertados pelo professor dizem para os professores terem cuidado e os passarem porque senão ficam sem alunos e sem emprego. Isto é chantagem sobre o professor.

Concluindo, por diversas razões é cada vez mais difícil manter a autoridade do professor e socializar os estudantes.

Ainda a questão do fim dos exames

vai-teaosprofessores, 12.01.16

A defesa dos exames surgiu ligada a uma ideologia de direita, como forma de seriar os alunos, de forma justa, isto é, sem o elemento subjetividade, dada pela diversidade de professores e formas de ensinar e como forma de controlar o nível de ensino, neste caso como elemento necessário à gestão escolar. As provas de aferição resolvem este último problema, pois a gestão continua a ter indicadores para atribuir turmas pelos melhores professores. Aqui o problema é outro, será que a gestão prefere continuar com os mesmos professores por uma questão de compadrio ou de amizade? Entramos, assim, no modelo de gestão, que parece não estar em cima da mesa.

Sobre o seriar os alunos, sabemos que o básico não tem contributo para isso, pelo que não se justifica os exames neste nível. Além disso, parece que os exames introduziram um enviesamento na forma de ensinar, em que se ensina para se ter aproveitamento nos exames, tornando-se os exames o centro do ensino, o que me parece errado. Por outro lado, o sistema de exames reforça o capital cultural das famílias e os que têm poder económico podem ainda reforçar o ensino de preparação para os exames através de explicações.

 Desmontados os principais argumentos a favor dos exames, resta salientar que as provas de aferição nos anos em que surgem dão margem de manobra para se apoiar alunos que necessitam deste apoio, pois realizam-se antes do ano terminal de ciclo, haja vontade da gestão e a disponibilidade de meios pelo ministério. São estes elementos que importa garantir para o modelo ter potencialidades e isto não está garantido.

Concluindo, esta reforma parece-me no caminho certo, haja uma gestão que leve em conta os resultados das provas de aferição na escolha de recursos humanos e disponibilizando meios para os apoios que forem necessários. Ao nível macro, ao governo cabe criar meios à disponibilidade das escolas para acompanhar os alunos que necessitam de apoio acrescido. Para mim a reforma fica limitada sem novo modelo de gestão e novos meios para apoiar os alunos, o que significa mais dinheiro, que não parece existir, pois continuamos condicionados pelo défice inferior a 3% e pelos juros pagos pela dívida insustentável que retira meios que podiam estar a ser gastos na educação e na saúde, reforçando-se o estado social.

 

Um primeiro comentário às propostas do ME

vai-teaosprofessores, 05.01.16

Ontem ao visitar uma escola o ME anunciou alterações no sistema de exames. A minha defesa do rigor não significa que se defendam os exames tal como estão. A defesa do rigor é compatível com provas de aferição.

Com exames ou provas de aferição é essencial tirar conclusões dos resultados e mudar o funcionamento das escolas, o que parece caber aos diretores.

Já assisti a professores com maus resultados serem escolhidos e mantidos pela direção e a professores com boas notas serem afastados. O que mostra que o nó górdio da melhoria, na atual arquitetura de gestão, não está no tipo de provas que os alunos fazem no final dos ciclos. Mas nas consequências que os diretores tiram dessa informação. Se o diretor quiser atuar com as informações que as provas lhe dão deve poder fazê-lo.

O problema é que muitos colocam as fidelidades acima das competências. Mais uma vez concluo que se calhar o que é preciso é mudar a arquitetura de gestão