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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

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Ensino público versus privado: a disciplina e as faltas.

vai-teaosprofessores, 23.02.16

Das minhas leituras da semana quero destacar o post do Guinote sobre as diferenças entre o público e o privado, que vai de encontro à minha opinião, de que é na questão disciplinar que está sobretudo a diferença, sabendo, em geral, as escolas privadas tratar o problema com mais eficiência. 

De facto muitas escolas públicas não têm processos expeditos de lidar com a indisciplina, além de serem muito burocatrizados. Por exemplo em escola anterior, havia uma sala para onde eram enviados os alunos que fossem mandados sair das aulas e automaticamente se procedia à audição do aluno. Na minha atual escola, manda-se o aluno para a biblioteca e comunica-se à diretora de turma. Acho que estes alunos deveriam ir para a direção onde se faria uma triagem, enviando-se os alunos para a biblioteca ou mesmo para a sala nos casos não tão graves e atuava-se logo, com medidas disciplinares da competência do diretor, nos casos graves, como julgo que se fará num colégio.

Outra diferença entre escolas é como se trata o absentismo dos estudantes às aulas. Em geral as situações de alunos atrasados devem ser logo comunicadas aos pais e alunos com faltas injustificadas deviam recuperá-las na escola. Na atual escola noto uma menor preocupação com as faltas dos alunos e só se atua nos casos graves. Claro que há colegas que comunicam logo com os pais as ocorrências e outros que não o fazem, mas num colégio que conheço telefona-se logo se chegam atrasados ou se as faltas não são justificadas, além de que os atrasados antes de irem para as aulas passam pela direção. 

Concluindo o ensino público pode ir buscar elementos organizativos às escolas privadas como nos casos da indisciplina e do absentismo às aulas, que permitam melhorar o tempo de reação aos incidentes e atuar com eficácia e apoio dos encarregados de educação. Haja para isso sensibilidade dos diretores por estes assuntos em vez de, por exemplo, se empenharem na escolha dos professores a lecionar nas suas escolas.

Uma escola pouco mudada por este governo, mas com algumas injustiças corrigidas

vai-teaosprofessores, 16.02.16

Será talvez o último post sobre política educativa, pois quero regressar à análise de casos. Fazendo o balanço de dois meses de governo, houve mudanças na educação o fim da prova de acesso à profissão, o fim da BCE, o fim dos exames e sua substituição pelas provas de aferição. Só por isto valeu a pena a mudança de governo e de políticas ao resolver injustiças gritantes. Os exames são também um fator de injustiça para os alunos, principalmente os mais novos, com pouco capital cultural, ao centrarem-se em matemática e português.

Mas quem está no terreno não sentiu grandes mudanças, salvo para os alunos com o fim dos exames e para os professores em início de carreira e nos concursos (futuramente). As mudanças na escola passariam por um sistema de gestão diferente, uma escola preocupada com os casos de insucesso e sua correção (que as provas de aferição permitiriam assinalar). O caminho não são os cursos vocacionais, que são autenticos guetos educativos, mas a superação das dificuldades com um sistema de apoios eficientes - hoje há apoios mas que não são utilizados. Se estas mudanças avançassem então aí a escola mudaria substancialmente, pelo que o título deste post foi «uma escola pouco mudada por este governo».

Concluindo, no substancial pouco mudou, mas algumas injustiças e indignides foram corrigias.

O OGE 2016 e a educação

vai-teaosprofessores, 11.02.16

Já é conhecida a versão do OGE para a educação e as notícias não são boas, com uma redução de 1,4 % nas despesas e com aumento de 6% para os privados, os tais contratos de associação.

Não são boas porque se baixa a despesa em educação, mas com o setor privado a subir. Ou seja há (continua a haver) transferências de recursos do público para o privado.

Não são boas porque com este orçamento não se percebe onde vai estar a escola a tempo inteiro prometida até ao nono ano, pois não se fazem omoletas sem ovos...

Não são boas porque o interesse das provas de aferição é depois ter possibilidade de inverter os maus resultados e sem dinheiro não se pode fazê-lo, pois os ganhos de eficiência possíveis serão mínimos ou marginais, depois dos cortes já efetuados.

Concluindo continua-se a desinvestir na escola pública, apesar das boas intenções, como a escola a tempo inteiro, preferir aferições a exames, mas sem ovos para se fazer estas omoletas.

A questão da gestão das escolas

vai-teaosprofessores, 02.02.16

Vem este tema a propósito de uma discussão com uma colega e um post no «meu quintal».

Com a colega discuti o regresso ao modelo anterior de gestão, que tinha a vantagem de ser mais democrático e permitir enquadrar a escola numa prática de democracia direta. Dizia-me a colega que o atual modelo tem pessoas a decidir sobre o diretor que não conhecem bem a realidade, como os representantes da autarquia e em certos casos os pais, que conhecem só a realidade, leia-se turma, que os filhos frequentam. Mas, como disse, na minha opinião a vantagem é termos uma escola verdadeiramente democrata e de participação direta nas eleições, criando-se hábitos de democracia participativa e direta.

Outro argumento é que com a cultura que temos ainda eivada de clientelismo, um poder uninominal, torna mais difícil o escrutíneo deste clientelismo. Basta ver como os diretores defendem a autonomia de escolherem os professores. Ora, isto vem a propósito do artigo do Guinote, no «meu quintal», que diz que não compreende esta atitude pois ele como professor recebe na sala de aula todos os alunos, não os escolhe, pelo que o diretor só tem de trabalhar com os professores que forem colocados, como os professores trabalham com os alunos que lhe cabem.O sistema centralizado de professores acaba com parte do clientelismo.  Não sou adepto da autonomia quando ela não corresponde ao melhor sistema e não o é na colocação de professores no nosso contexto cultural.