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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

A questão dos colégios privados e os contratos de associação

vai-teaosprofessores, 26.04.16

Sou a favor de uma separação clara entre o público e o privado, no ensino, na saúde, onde quer que seja. Da mesma maneira que não faz sentido um médico para tratar convenientemente um doente mandá-lo ir ao seu consultório privado, não faz sentido um professor dedicar-se mais a certos alunos só porque são seus explicandos e o Estado pagar a colégios quando tem instalações disponíveis no público numa certa localidade. 

Esta clarificação entre privado e público que este governo pretende implementar provocou reações ferozes dos colégios, quando vem clarificar as regras, como os colégios só poderem ser financiados se não houver oferta pública e não se aplicar a alunos que vivam a mais do que uma certa distância dos colégios com turmas subsidiadas.

Se no início critiquei o orçamento da educação pelo crescimento que as despesas com o privado cresciam enquanto as despesas com a escola pública diminuiam, agora tenho de elogiar esta separação de águas benéfica para o ensino. Acredito que um setor privado é necessário para suprir as lacunas do público, mas com regras claras e sem depender de subsídios públicos, quando estes não fazem sentido.

Os testes de verdadeiro e falso

vai-teaosprofessores, 19.04.16

Resolvi fazer um teste com 30 perguntas de verdadeiro / falso com a obrigatoriedade de corrigir as falsas. Em geral ponho poucas frases verdadeiras para obrigar o aluno a corrigir a maioria das frases e a demonstrar que sabe e não adivinhou. Na cotação só dou a cotação máxima para as respostas certas, validads como tal e as corretamente corrigidas, não valorizando os que acertam as falsas sem as corrigir, pois poderá ser um ato de adivinhação. Não chego ao ponto dos americanos de descontar por perguntas respondidas sem acertarem, mas cada vez penso que será a opção correta.

Mesmo assim aconteceu ter dois alunos que só responderam com verdadeiros, acreditando ter uma pontuação próxima de metade, o que não conteceu porque em geral ponho só frases verdadeiras em 1/3 das perguntas ou menos, para evitar estas situações. Estes alunos tiveram o descaramento de argumentarem comigo que fizeram a melhor opção...De qualquer maneira não tiveram sorte o teste previa esta atitude...

Conto-vos este episódio, porque esta atitude não é só de facilitismo, mas é também uma tentativa de tornar a avaliação num jogo de sorte/azar, valendo tudo para não se estudar e sem trabalho não há mérito. O ensino não pode ser um jogo de sorte e azar, daí os cuidados a ter quando se fazem este tipo de testes.

Está em debate a redução do número de alunos

vai-teaosprofessores, 12.04.16

Tudo o que seja melhorar as condições de ensino facultará mais oportunidades aos alunos que delas necessitam, pelo que medindo as melhorias pelo que a escola faculta aos alunos mais carenciados (economicamente ou culturalmente ou psicologicamente), esta é uma política que apoio.

Já em artigo anterior relacionámos esta medida com a questão da indisciplina, mas para além da indisciplina, haverá sempre mais espaço para o acompanhamento de todos alunos, aproximando-nos do ideal de ensino no que toca à aprendizagem, que é a possibilidade de acompanhamento individualizado. Hoje dedico muito tempo aos alunos com NEE, talvez deixando mais desacompanhdos alunos com notas positivas, que podiam melhorar, mas o termpo é limitado e temos de escolher como usar o tempo que me resta.

Contudo, sejamos realistas, as condições financeiras do país, ainda não dão margem de manobra para se investir mais na educação e reduzir o número de alunos custará bastantes recursos financeiros. O mais correto será programar este investimento para se realizar em vários anos começando-se pelo básico. Mas alguma coisa se pode fazer que é usar melhor os recursos e neste caso retirar recursos ao setor privado (a propósito do orçamento de 2016 verificou-se o privado foi o único que cresceu) para esta finalidade é introduzir mais justiça social na despesa de educação evitando-se duplicar recursos para alunos que podem pagar a sua educação e usá-los nos alunos que efetivamente precisam destes recursos.

 

A indisciplina na sala de aula

vai-teaosprofessores, 05.04.16

Está em debate público a questão da indisciplina na sala de aula, por iniciativa do CNE e do blog comregras. Já tenho abordado este tema, mas agora há estatísticas que provam a importância da indisciplina  na sala de aula, quer diminuindo o tempo para lecionar, quer no próprio aproveitamento. Surge também uma relação entre indisciplina e número de alunos na sala de aula e é por via deste debate que o assunto surge na atualidade.

Costumo referir que uma diferença entre escola pública e privada é que nesta última a indisciplina é tratada com mais eficácia, o que desde logo disponibiliza mais tempo para as matérias a lecionar e condições melhores de funcionamento da sala de aula. Porquê, por maior pressão dos pais, maior consciência da direção para o seu efeito negativo, são algumas explicações.

Na escola pública a indisciplina é mais relativizada, quer porque os professores não se querem incomodar ou incomodar a direção. Há muitos professores que querem passar despercebidos e a denuncia da indisciplina implica chamar a atenção, então evita-se fazer participações ou ir à direção.

As direções muitas vezes mostram-se incomodadas quando há alguém que põe muitos alunos fora ou aparece sempre com os mesmos problemas, às vezes insinuando incompetência do professor, mesmo que seja uma turma já com cadastro de problemas disciplinares. Também há direções que dão prioridade à indisciplina, impondo a ida dos alunos à direção, outras que chutam os problemas de indisciplina para canto, criando processos muito burocráticos ou salas para onde mandar os alunos indisciplinados, não tratando os problemas na hora, evitando que sejam desviados de funções diretivas mais nobres...

Ficam aqui vários tópicos para ajudar à reflexão, sendo que o principal é que é preciso dar mais poder ao professor, cuja desvalorização social não ajuda, além da subalternização política da indisciplina, quer no ministério, quer nas direções.