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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Cenas do quotidiano numa sala de aulas.

vai-teaosprofessores, 24.05.16

Aconteceu-me hoje um aluno ter de decidir qual seria o melhor desconto entre duas hipóteses e o aluno dizer que era o desconto em que pagava mais.

Outra situação foi o aluno dizer que o desconto era o que tinha de pagar, ou seja se a fatura era de 1000 e o desconto de 100, o pagamento era de 100. Mesmo dizendo-lhe que tinha de ir à loja dele para fazer compras, o aluno não comprendeu.

Como chegamos a um 11º ano e estas situações acontecem?

Não sei responder, os alunos em causa são considerados normais. Noto que os alunos, destes casos, só trabalham com a minha pressão. Sendo alunos da escolaridade obrigatória, são forçados a estar na escola, o que é um fator de desmotivação.

O que eu senti é que tentam decorar sem perceber, o que pode ser uma explicação para estes erros. Então tenho de trabalhar mais a parte racional e tentar ligar a matéria ao dia a dia, mas já o fazendo, se calhar há espaço para reforçar estas atitudes. De qualquer maneira não deixam de ser casos isolados, que uma vez detetados exigem trabalho extra do professor.

A questão da democracia e participação nas escolas.

vai-teaosprofessores, 17.05.16

Acho uma boa iniciativa a Fenprof debater a alteração da gestão das escolas, que para mim constitui um entrave ao teino para a participação democrática. Já agora a participação no orçamento é uma proposta positiva, mas de limitado alcance, sendo que o essencial é dar vida à participação dos alunos nos orgãos de gestão administrativa e pedagógica. Sobre o assunto ontem Ramalho Eanes foi peremptório, disse algo do género, criámos a democracia mas ao nível da educação não lhe demos pernas para andar.

De facto quem se lembra da «vida» que havia na votação das listas para as associações de estudantes a seguir ao 25 de Abril até aos anos noventa, apesar de ir havendo um afastar dos estudantes destes eventos com o decorrer do tempo, hoje tem de reconhecer-se a pobreza das campanhas eleitorais de hoje, centradas na escolha e organização da viagem de finalistas.

Esta é uma área em que se deve fazer uma alteração qualitativa, com diretas para a eleição do orgão executivo/diretivo, em todos os corpos, talvez com limitação de assuntos quanto à votação dos estudantes, como os referentes a assuntos disciplinares de professores, mas com a participação na discussão. Nas questões pedagógicas, devem participar e votar em todos os assuntos.

Para mim está fora de questão a existência de eleições indiretas, com algum peso dado aos municípios, que é uma forma de fazer entrar na escola o cacicismo local.Decorrente desta posição afastámos da agenda a municipalização da educação, com formas de participação na vida das escolas, podendo aceitar um seu papel na criação de infraestruturas, mas limitado ao ensino básico.

 

 

Será que o tema das turmas de associação no privado é um tema menor?

vai-teaosprofessores, 10.05.16

Desde a semana passada cujo post (portanto, o último) foi sobre o tema das turmas com contratos de associação que este tema explodiu na comunicação social e nas redes sociais e fica a questão, será este tema importante?

1. Um angulo de resposta e o mais importante é realçar que a propósito deste tema se joga a centralidade da escola pública a par da racionalidade da gestão dos dinheiros públicos. Se a porta da subvenção à iniciativa privada ficar entreaberta na educação pode-se estar a transformar o nosso sistema de ensino num sistema dual, em que a qualidade existirá no privado e na escola pública ficarão os alunos com dificuldades. Por outro lado, por muitos mais anos haverá restrições finanaceiras e o que for canalizado para o privado será à custa do público, logo degradando-se a escola pública. Um sistema universal e gratuito implica para ser equitativo uma escola pública de qualidade.

2. Não está em causa a iniciativa privada pura, sem subsídio dependência, pois continuarão a haver colégios e quem os puder pagar pode lá meter os eus filhos. Este debate não é sobre a iniciativa privada, mas sobre a defesa de uma escola pública de qualidade, o que implica que os recursos do Estado têm de ser canalizados para a escola pública onde exista e tenha capacidade de receber alunos. Tornar esta separação percetível na sociedade é importante.

3. Este tema é importante porque temos um governo de esquerdas e as esquerdas não governamentais não permitirão um recuo do governo numa matéria tão essencial, pelo que não vai ser fácil a este governo ceder aos lóbis mobilizados em defesa dos subsídios ao ensino privado.

Concluindo, pelas três razões apontadas este debate é importante quer em termos educativos, quer em termos políticos.

 

A indignação dos colégios ou a boa gordura!

vai-teaosprofessores, 03.05.16

Os interesses do ensino privado andam em alvoroço com a pretenção do ministério em só deixar abrir turmas onde não haja capacidade de resposta da escola pública.  Esta medida faz todo o sentido numa altura em que é preciso racionalizar o Estado  e se o Estado pode oferecer ensino com menos custos deve fazê-lo.

Se nos lembrarmos da história deste processo essas turmas abriram à custa do ensino público, por governos que queriam incentivar o privado, portanto já houve desemprego docente no setor público para algumas turmas serem criadas no privado, portanto, o argumento da criação/destruição de emprego não colhe tanto mais que na altura este argumento não foi usado pelos colégios, e não é sério usar-se um argumento só quando nos convem.

Por outro lado, os professores no ensino privado têm uma maior carga horária, chegando às 33 horas semanais, pelo que a preocupação com o emprego dos professores pode ser mitigado se aplicarem um contrato coletivo de trabalho com horas iguais ao do público.

O que está aqui em causa é o projeto da direita de colocar o ensino privado a concorrer com o público, mas financiado pelo Estado, é a velha ideia de que o privado é que é bom mesmo que subsídio dependente do Estado. Esta é outra contradição deste setor que é defender que o Estado tem gorduras, mas será sacrilégio cortar as (gorduras) que põem em causa os seus interesses.