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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

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Cursos profissionais: um balanço

vai-teaosprofessores, 26.09.16

Ao ler o «meu quintal» encontrei um comentário do Guinote a propósito do reconhecimento ao nível ministerial de que algo não anad bem no reino dos cursos profissionais.

De facto os cursos profissionais precisam de ser repensados, diz-me a minha experiência de lecionação dos mesmos desde a sua criação. O seu objetivo central foi criar uma via de acesso direto ao mercado do trabalho, mas também foi visto por muitos governantes como um modo de melhorar os resultados escolares, através do desvio de muitos alunos para cursos que não seriam tão exigentes como os cursos de prosseguimento de estudos. A verdade é que é este último objetivo que se tem tornado central, em vez de ser uma via aberta para o mercado de trabalho, pois em muitos sítios onde são ministrados as diciplinas técnicas continuam a ser teóricas em vez de práticas. 

Quem já visitou uma escola profissional criada para responder com equipamentos e instalações adequadas às necessidades dos cursos profissionais, como a escola profissional de hotelaria de Lamego, não pode deixar de constatar a diferença entre cursos profissionais, existindo cursos de primeira e cursos de segunda. Assim, desde logo deveria haver um plano para transformar todas as escolas que os ministram de forma a ter instalações e equipamentos adequados às necessidades de um ensino prático. Ora, isto não foi feito e nas escolas de segunda usa-se a aula tradicional para se ensinar o atendimento, nos cursos de comércio, para dar um exemplo, ou seja, introduziu-se um novo tipo de ensino mas não se adaptaram as escolas às suas necessidades. Outro exemplo criou-se numa escola nova (essas de luxo, da Parque escolar, que custou 18 milhões de euros) uma sala para mecânica, mas o curso encerrou depois da escola pronta! Falta, pois, um plano para criar condições para os cursos funcionarem adequadamente em muitas escolas - na minha atual escola orçamentaram 3 milhões para a renovarem. Ao nível da mentalidade dos professores, alguns tiveram dificuldade em passar do seu registo num curso de prosseguimento de estudos, para um registo mais prático e outros tornaram a necessidade de um ensino prático em facilitismo nas avaliações, sucumbindo às pressões para haver sucesso escolar. Portanto, na parte humana é preciso encontrar o meio termo, entre um ensino prático e o rigor. 

A ansia de ter sucesso é tanta que se facilita na justificação de faltas injustificadas, bastando ao aluno fazer um trabalho ou resolver fichas de trabalho, que copiam por um colega para terem as faltas retiradas, o que parece mau, pois, no mundo laboral este não é o regime. Antes pelo contário, os faltosos que não justificam são penalizados monetariamente ou mesmo perdem o emprego. Neste aspeto não se está a preparar os alunos para a vida profissional, no que diz respeito a atitudes e valores, mas a melhorar as estatísticas do abandono escolar e a criar um falso sucesso, que compromete o futuro destes jovens, ao validar-se percursos erroneos e o país que no futuro poderia ter uma geração mais bem preparada para a vida laboral, em termos práticos e de valores corretos.

Concluindo, os cursos profissionais exigem instalações e equipamentos compatíveis com os seus objetivos e professores que façam um ensino mais prático, mas sem entrar em facilitismos quer ao nível das faltas dadas quer ao nível da avaliação, que deve ser mais pática sem deixar de ser rigorosa.

Um novo ano começa: 2016/17

vai-teaosprofessores, 19.09.16

Estamos a começar um novo letivo, tendo sido um começo calmo, no sentido de que não foi atribulado na colocação de professores, mas acho que ainda se pode melhorar. Continuo só com turmas do ensino profissional, tendo uma de continuação e duas novas. Uma delas tive-a hoje e pareceram-me interessados, mas com falta de cultura geral e com dificuldades em escrever. Gosto de pôr nos testes diagnósticos uma composição para avaliar o nível de domínio da língua materna e capacidade de «dissertar» sobre um tema Tive duas alunas que nada fizeram, alegando estar à espera de fazer os 18 anos para abandonarem a escola. este é um problema sério da escolaridade obrigatória, a desistência mal façam os 18 anos!

Um outro comentário é a mania de se fazer teste diagnóstico a turmas que o professor conhece, que é mais uma burocracia desnecessária, pois um ano de acompanhamento dos alunos permite conhecê-los melhor do que um teste diagnóstico, feito em menos de uma hora, ainda para mais havendo alunos que pura e simplesmente não colaboram. Agora para turmas novas para os professores e no início dos ciclos há alguma razão para este tipo de testes existirem, mas a sua obrigatoriedade geral é pura burocracia e a aplicação de forma cega de boas práticas.