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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

A questão dos rankings

vai-teaosprofessores, 23.12.16

Aproveito para desejar bom natal e ano novo próspero aos leitores deste blog.

Todos os anos voltamos à questão dos rankings das escolas. As conclusões já são conhecidas:

* as escolas privadas lideram;

* as escolas privadas só recebem os alunos com capital, o que não acontece nas escolas públicas, que recebem todos os alunos, apesar de algumas também terem estratégias para selecionar alunos, principalmente nas grandes cidades.

* as escolas privadas também têm discrepâncias entre as notas internas e os exames, como acontece nas escolas públicas e esta discrepância traduz o peso de outros critérios na avaliação, incluindo estratégias para amortecer os resultados menos bons nos exames;

*apareceu um novo ranking que mede a evolução do aluno, o que é positivo, na medida em que mede o acompanhamento dos alunos pela escola ao longo de um ciclo. Este parâmetro traduz um apoio individualizado extra para alguns casos e a evolução dos alunos face aos resultados no ciclo anterior e verifica se o aluno manteve, progrediu ou regrediu. A canalização de recursos humanos para atividades de apoio produtivas e eficazes é aqui medida e neste ranking vemos escolas do interior obter bons resultados.

Concluindo, aceito os rankings como instrumentos de apoio à tomada de decisões e este ano estão mais ricos, com o novo indicador de progressão, mas é preciso sempre contextualizar os resultados tendo em conta o contexto social e económico dos alunos que frequentam a escola.

 

Os resultados do PISA2015

vai-teaosprofessores, 07.12.16

Alguns blogs, o meu quintal e Arlindo, já têm os resultados do PISA2015, que mostram uma melhoria em ciências, leitura e matemática. A questão é de quem é o mérito destes bons resultados?

Par mim são dos alunos e professores, na sala de aula, a principal explicação destes resultados. De seguida o que se passa dentro da escola, com uma lei de gestão que fomenta a imposição, que facilitou que os diretores deixassem de atribuir as turmas aos professores por antiguidade na escola, como acontecia e passaram a levar em conta os resultados dos alunos nas avaliações, ou seja, deixou de haver uma norma corporativa e passou a haver reconhecimento de competências. Sobre o que se passa dentro da escola, sou crítico do atual modelo de gestão, por afastar a democracia de dentro das escolas, o que fez desaparecer um papel (mais) interventivo dos professores e dos alunos, remetendo o papel destes últimos para a organização das viagens de finalistas. É um modelo que ensina a obediência e afasta o espírito crítico, com os departamentos a serem correias de transmissão da direção. Este modelo também fomenta a atribuição de turmas aos amigos da direção. Portanto, o balanço do atual modelo de gestão é negativo para mim, apesar de ter aberto portas, em algumas escolas para a escolha dos melhores professores para lecionarem certas turmas, as turmas com mais impacto na avaliação externa.

O que vem de fora da escola, dos políticos, só marginalmente tem tido impacto nestes resultados. Houve impacto quando se deu prioridade ao português e à matemática, resultado de planos de melhoria destas disciplinas e principalmente ao terem dado mais tempo no básico para estas disciplinas, ao permitirem, com esse tempo, mais disponibilidade dos professores para os alunos. O passo seguinte será reduzirem os alunos por turma, para que haja mais tempo para quem mais necessita de apoio extra. Tudo o resto, as metas, os programas, vêm de fora e tiveram pouco impacto. Os exames (ou provas de aferição) também tiveram impacto dando à gestão informação sobre como agir, quando não cedem aos amigos e apoiantes! Mas o que vem de fora da escola também tem criado perturbação nas escolas criando instabilidade com as alterações constantes com as mudanças de governo, em vez de deixarem os professores trabalharem num ambiente amigável e estável. Claro que também tem sido desmotivante o constante ataque aos professores, ou porque são uma classe que precisa de ser domada (muito contestatários), ou porque estão envelhecidos, a tirar lugar aos novos e a impedir a inovação no ensino, ou porque não são competentes, o que parece não ser o caso. 

Concluindo, de fora têm vindo poucas melhorias, tem vindo instabilidade e um ambiente pouco amigável e mesmo de ataque aos professores, mas apesar disso, mesmo que de dentro a gestão tenda a ser impositiva e nalguns casos preferindo os amigos, os professores têm sido profissionais competentes e dedicados aos seus alunos, o que será a causa profunda desta melhoria de resultados.

A nova proposta sobre concursos

vai-teaosprofessores, 05.12.16

Foi conhecida na semana passada a proposta do governo para a legislação dos novos concursos. Estas propostas estão a léguas das expetativas e das propostas sindicais, mas era de esperar que tudo o que envolvesse dinheiro, fosse mais difícil de conseguir.

Acho que depois das alterações já feitas daqui para a frente as negociações vão ser muito mais difíceis como esta proposta vem demonstrar. Por outro lado, se considerarmos o que se passou no congresso do PCP, vemos que as reivindicações essenciais são a subida do salário mínimo, a reposição da legislação laboral e a renegociação da dívida pública. Nada foi apresentado em termos de educação, pelo que só podemos esperar modificações daqui para a frente pela luta sindical. Como a educação não aparece nas prioridades será que os sindicatos (leia-se Fenprof) estarão dispostos a ser mais reinvindicativos, indo além de manisfestações e encontros? Esta é a dúvida que se levanta, mas acho que nada de relevante se vai passar.

Concluindo tenho receio que a luta sindical continue adormecida, continuando a nefasta lei de gestão em vigor, não se vai mexer nas aposentações dos professores, havendo daqui para a frente somente uns pequenos ajustes, mas nada de significativo. Espero estar a ser pessimista.