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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

A utilização dos telemóveis na sala de aula

vai-teaosprofessores, 23.01.17

A maior parte dos problemas de indisciplina que tenho está relacionada com o uso indevido do telemóvel na sala de aula. Assim, resolvi dar um passo em frente e aceitar o seu uso, como forma de ir ao encontro dos hábitos dos alunos. Está na hora de fazer um balanço deste passo.

Eu tenho permitido que os alunos usem o telemóvel para efetuar calculos e para ouvirem música, quando estão a desenvolver tarefas. Trouxe o telemóvel para dentro da aula, permitindo que também se façam pesquisas sobre temas, quando a rede de WI~Fi aguenta. 

O balanço que faço é que os casos de uso indevido do telemóvel tendem a aumentar, em relação ao impedimento do seu uso, porque uma maioria de alunos não resiste a usá-los para enviar mensagens, ou ir ao facebook fazer likes.  A possibilidade de usar o telemóvel aumenta as transgressões, porque os alunos não resistem a dar uma escapadinha na internet.

Porque é que isto acontece, julgo que pela adição que tal objeto provoca em relação a determinados usos e controlo emocional para se fazer o que se deve e não o que se quer.

Mais, cria-se um circulo vicioso em que os alunos não trazem as calculadoras, mesmo nos testes, para forçarem o uso do telemóvel (claro que nos testes não os usam, mas tentam).

Concluindo, a permissam do uso do telemóvel aumenta o seu uso indevido, por os alunos não resistirem a certas utilizações, mas sem permitir o seu uso não resolvem os exercícios, pelo que tenho permitido que os utilizem, mas ao mesmo tempo aumento a vigilância para o seu uso indevindo, penalizando-os durante 15 minutos sem telemóvel ou meia hora se são reincidentes.

A questão da mudança da lei de gestão.

vai-teaosprofessores, 18.01.17

Eu sei que na atualidade os temas são os concursos e os manuais, não digo que não sejam importantes, mas não os acompanho porque o tema mais importante é o modelo de gestão. Até acho que não foi por acaso que o tema dos manuais saltou agora para a ribalta, porque aparentemente interessa mais à maioria dos pais.

Já num post anterior apresentei a diferença da vivência democrática entre os dois modelos de gestão e uma das causas da maior vivência democrática julgo ser o poder estar na escola, com eleições diretas por classes, docentes, discentes, funcionários e pais. Assim, todos sentiam que podiam intervir/participar na vida da escola. Com o novo modelo de gestão o poder passou a estar num orgão cuja maioria está fora da escola, pelo que não participa no dia a dia e não sabe o que se passa! Lembro-me de ter dialogado com um membro da comunidade com acento no Conselho Geral e ele comentar que a escola era muito boa, porque havia muitas atividades culturais à sexta-feira à noite. Quando lhe perguntei qual a posição nos rankings, se o ensino era de qualidade, se os pais escolhiam esta escola, pois havia outra no mesmo concelho, portanto perguntas pertimentes para avaliar os resultados de uma escola, não sabia de nada!

Concluindo o não funcionamento na promoção da cidadania e da democracia do atual modelo de gestão está no facto da maioria de quem decide não acompanha o dia a dia das escolas e é isto que tem de mudar.

A alteração à gestão das escolas

vai-teaosprofessores, 12.01.17

O debate sobre o modelo de gestão nas escolas está na ordem do dia e começam a aparecer iniciativas para debater o modelo de gestão das escolas. O mérito desta iniciativa, a de colocar em debate tal modelo, deve-se à Fenprof, talvez pressionada por alguns dos seus associados.

Para mim o principal pecado deste modelo de gestão foi ter acabado com a democracia participativa nas escolas ao desmobilizar os professores e alunos da participação nas escolas. Não tinha de ter sido assim, mas os diretores preferem não estar sujeitos a pressões democráticas, tendo de rebater ideias ou concordar com elas, aparecendo como os únicos iluminados no seu território.

Sabemos que na educação não há modelos únicos e há vários caminhos para se atingir os fins, pelo que o normal é haver diferenças de opinião sobre a melhor maneira de como educar e de como organizar a escola. Mas quem está dentro das escolas sabe que cada vez mais estamos perante modelos únicos de organização, um pouco como acontecia no governo anterior que propagandeava a inexistência de alternativa à sua política de austeridade (que hoje sabemos ser falsa). A diferença foi sendo assim afastada da micro política das escolas, existindo na maioria a prática de quem não está comigo, está contra mim, pelo que através de horários e outras subtis formas foi-se calando e mesmo afastando os que têm a ousadia de pensar diferente. Assim, nos dias de hoje temos situações de perpetuação de poder, com os mandatos a sucederem-se, rodeados de «yesmen», dispostos a defender o seu território de influência com unhas e dentes. 

Basta lembrar como eram as RG de professores do início da gestão democrática e compará-las com as de hoje para se perceber a transformação que houve. Antes tínhamos debates vivos com a direção a ouvir, mais do que a falar, hoje temos monólogos dos senhores diretores. Nalguns departamentos ainda haverá debate, mas a sua inconsequência, também transformou muitos departamentos em correias de transmissão dos recados da direção. Muitos com ideias diferentes também com medo das represálias só comentam as diferenças para os amigos. Com isto matou-se o debate de ideias.

Fora da escola, o centralismo do ministério também preferiu um único interlocutor que pudesse responsabilizar e desta forma controlar melhor.

Concluindo, as escolas são hoje locais onde não se pratica o debate de ideias e este facto levou ao fim da democracia participativa e esta é a principal consequência funesta do modelo de gestão em vigor e que para quem é adepto de uma escola democrática não pode deixar de denunciar.

A recuperação de faltas dos alunos. necessidade de distinguir faltas justificadas das injustificadas

vai-teaosprofessores, 05.01.17

 Na recuperação de faltas dos alunos, as faltas justificadas não podem estar em pé de igualdade das faltas injustificadas. Já estive numa escola em que a recuperação de faltas justificadas podia ser feita em casa e as injustificadas na escola, em que por cada aula em falta sem justificação o aluno teria de estar o mesmo tempo na biblioteca, onde o professor deixava uma folha que o aluno deveria assinar. Mas, nos cursos profissionais, pode ser difícil encontrar tempos livres no horário para cumprirem as faltas em atraso. 

Como tenho turmas com estágios todas as quartas feiras esta imposiibilidade existe, assim discrimino as faltas justificadas das injustificadas, estabelecendo que para as faltas justificadas, os alunos apresentem uma página do manual passada com a sua própria letra, para evitar o copy and paste ou que alguém lhas faça, enquanto as faltas injustificadas, têm de apresentar 3 páginas por cada falta dada. O custo de oportunidade de faltar sem justificação será apresentar 3 páginas manuscritas sobre a matéria, que corresponde a cerca de 45 minutos, o tempo da aula a que faltaram.

Mesmo assim a ideia de que não é necessário ir às aulas está tão enraizada numa turma, que todos os alunos têm faltas dadas e alguns alunos faltam a mais de 50% das aulas, sem justificação. O problema tem-se vindo a agarvar na medida em que no 10º ano este fenómeno era pontual, no 11º ano já haveria 3 a 4 alunos a darem faltas e agora temos quase toda a turma a fazê-lo, argumentando que os que não comparecem às aulas passam na mesma, com uns trabalhitos!

Cocluindo é necessário separar as faltas justificadas das injustificadas, sendo o ideal os alunos passarem as faltas deste tipo dadas por igual período na escola, para poderem ser recuperadas. Não sendo possível, é necessário haver um mecanismo mais pesado de recuperação de faltas injustificadas. Se houver facilitismo na recuperação de faltas injustificadas instala-se uma cultura de que dar faltas compensa e neste caso falhámos na educação para a vida e mesmo em termos de equidade, na medida em que são os alunos cumpridores os  penalizados em relação aos não cumpridores que com facilidade recuperam faltas e conseguem ter aproveitamento.