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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

A propósito de alunos problemáticos.

vai-teaosprofessores, 30.03.17

Foi notícia esta semana um aluno do 2º ciclo que provocava terror na escola, aparetemente o caso arrastar-se-ia há dois anos.

Em primeiro lugar a indisciplina perturba a atividade pedagógica, como algumas mães das vítimas tetemunharam havia alunos a baixar as classificações.

Quando a indisciplina é associada ao bulling as vítimas tendem a afastar-se da própria escola, como também foi testemunhado com algumas das vítimas a não quererem ir para a escola.

Perante isto o que a autoridade escolar fez, não se sabe, mas pelos vistos o caso tem-se vindo a arrastar. Há aqui uma falha desta autoridade, ao não defender as vítimas da continuação desta situação, conforme o poder que lhe é dado. Os prejuízos já causados por esta situação podem ser de difícil resolução ou irreparáveis, quer ao nível psicológico, quer ao nível do aproveitamento escolar.

Nota final, uma das mães entrevistada punha o problema com clareza, o que pretendia era ajudar esse aluno a superar a sua situação e não transferi-lo de escola, mas não encontrava interlucotores quer na parentalidade quer na direção da escola, queixava-se.

Acho estranho os superpoderosos diretores não esclarecerem a comunicação social e o país do que fazem perante estas situações, dizendo que preferem uma solução interna sem ruído social, que afinal não conseguiram evitar. Ter o poder e nem sequer dar explicações das ações e omissões é um tique dos que se consideram acima da sociedade e donos dos seus quintais.

A flexibilidade pedagógica

vai-teaosprofessores, 23.03.17

Depois dos documentos sobre competências e sobre a chamada flexibilidade, em conjunto com o jogo de sombras nos bastidores, com o PR a dizer que era preciso cautela com as reformas, lá surge a reforma sobre flexibilidade pedagógica (e não curricular).

Em primeiro lugar parece-me de bom senso avançar-se com uma experiência piloto, ou seja vai-se aplicar de forma limitada e sujeita à posteriori a avaliação. Claro que num ministério centralizado e que tudo controla as escolhidas serão escolas que partilham esta visão e que garantam ao governo um sucesso. Mas mesmo assim concordo que se deva tentar outras formas de ensinar. Pelo que li no Público são propostas 5 formas de se flexibilizar o currículo no básico.

Para o nível de ensino que me interessa, o secundário, propõe-se que que as fronteiras entre cursos seja mais esbatida, com a possibilidade de haver uma disciplina de outros cursos a fazer parte do curriculo dos alunos. Segundo percebi os alunos de científico naturais poderiam substituir uma das disciplinas por Economia ou História, por exemplo, se houver condições (financeiras?; de oferta?). Ora é precisamente nestas condições que vai estar o entrave, porque em escolas do interior a possibilidade de haver esta flexibilixação vai encontrar entraves na falta de recursos para a concretizar. Basta ter presente que hoje já em muitas escolas as ofertas dos cursos de prosseguimento de estudos não é universal, tendo já algumas somente 1 ou 2 dos quatro cursos. Na minha escola só funcionam os cursos científico naturais e humanidades, não havendo economia nem artes. Por aqui se vê que esta flexibilização vai ser mais possível no litoral do que no interior.

Também se vai esbater a fronteira entre cursos profissionais e cursos de prosseguimento de estudos, ao ser possível substituir uma disciplina dos profissionais por uma que tenha exame, por exemplo, matemática dos profissionais por matemática A, ou economia dos profissionais por economia A. Esta substituição permitirá aos alunos dos profissionais ter acesso a mais cursos universitários, mantendo ao mesmo tempo um ensino mais prático. Esta solução permite ainda a alunos imaturos adiar a sua escolha profissional para mais tarde ao mesmo tempo que esbate a clivagem entre cursos profissionais e o acesso à universidade, o que me parece positivo.

Concluindo, é um progresso termos uma reforma experimental, o que permite calibrar e avaliar a sua generalização e ainda, permite adiar para mais tarde a escolha dos alunos ao mesmo tempo que lhes abre o leque de escolhas. O senão é o interior ter uma reforma mitigada pela falta de condições para a aplicar plenamente.

Parece que o bom senso predomina

vai-teaosprofessores, 16.03.17

Por influência do PR ou não António Costa veio travar a reforma curricular que era só flexibilizar o curriculo prevista para o próximo ano letivo. O meu comentário será que afinal o bom senso predomina, não se fazendo reformas sem estudar os problemas e sem se fazer uma avaliação cuidada do que está em vigor. A fé nas coisas não é suficiente para se iniciarem reformas, que como o Guinote demonstrou veio tirar da prateleira uma série de ideias já com décadas. Não tenho nada contra ideias com anos, mas apresentá-las como novas foi uma infelicidade. Na educação é preciso fazer as coisas com cuidado, não alterar o que funciona e em casos de inovação avançar através de experiências piloto.

Outro assunto, a questão da municipalização da educação, prometeu o ministro ao sindicalista vai ser feita em diálogo. Não é que esta promessa me tranquilize, mas a ser verdade, desde que não retire às escolas a sua autonomia mitigada e a transfira para as câmaras, reconheço que há áreas melhor geridas pelo poder local, por exemplo a recuperação e manutenção dos edifícios, mas sem tocar nos recursos humanos e na gestão pedagógica. Será que aqui o bom senso vai prevalecer e as promessas se tornam realidade?

A instabilidade na educação, exceto na gestão.

vai-teaosprofessores, 09.03.17

A educação tem vindo a sofrer uma instabilidade devido a que cada governo aparece com as suas próprias ideias que implementa. Daqui resulta a tal instabilidade do sistema educativo. Uns reforçam as disciplinas ditas fundamentais: português e matemática; outros querem reforçar as artes e a interdisciplinariedade; uns querem exames outros querem provas de aferição; uns querem o ensino centrado em competências outros querem conhecimentos.

Mas se na parte curricular há instabilidade, na gestão o modelo neoliberal, de di(ta)retores, que tudo podem e tudo mandam, que anularam a democracia nas escolas e combateram a diversidade de opinião, parece continuar a manter-se com os governos mais à direita e os mais à esquerda, aparecendo aqui um pacto educativo para domesticar os professores e haver um ensino não crítico e que promova a submissão. Parece que aqui o bloco central funciona. A medida de se promover um orçamentozinho participativo é uma gota de água no meio do oceano tempestuoso que promove a submissão e o seguidismo.

Citando Paulo Freire quando a escola não promove o pensamento crítico e a participação democrática e a responsabilização dos eleitos perante os seus eleitores (não orgãos representativos dos eleitores) estamos a falhar no principal objetivo da educação: lançar as bases de um ensino que promova a prática democrática, a diversidade e o confronto de opiniões.

 

 

O uso dos telemóveis na sala de aula

vai-teaosprofessores, 07.03.17

Tenho permitido o uso dos telemóveis na sala de aula, quer para os alunos fazerem contas, funcionando como calculadoras, quer como prémio aos alunos que tenham realizado com sucesso o trabalho pedido, o que pressupõe que mostrem o trabalho antes de poderem usar o telemóvel. 

Como sabemos bastantes alunos estão viciados no uso dos telemóveis, pelo que estando a trabalhar lá vão mandando umas mensagens, alguns já foram apanhados a jogar. Reagia a estas situações tirando-lhes o telemóvel que ficava numa secretária até ao fim da aula.

Mas na semana passada aconteceu que um aluno, todo orgulhoso, me mostrou um vídeo feito numa aula não identificada sobre o comportamento dos colegas, em que um aluno se levantou e fazer uma cena para animar o vídeo em plena aula. Esta situação demonstra que os alunos não têm responsabilidade no uso dos telemóveis, tendo a ousadia de mostrar a um professor que filmavam parte aulas e onde se faziam perfomances para aparecerem no vídeo.

Em face disto conclui que como os alunos com o telemóvel à mercê não têm filtros do que podem fazer, pondo em causa os professores, entendi que não permitirei mais os telemóveis na sala de aula.

Além disso avisei que se usasem a minha imagem na internet estariam sujeitos a um processo, pois já todos têm mais de 16 anos. Concluindo, acho lamentável termos chegado a este ponto, mas a falta de consciência social e o seu vício no uso do telemóvel, levou-me a uma proibição radical, com prejuízo de termos aulas mais descontraídas, mas há sempre alguém que não conhece os limites e pensa que tudo o que fazem entre colegas se pode fazer sempre.