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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Os concursos/reconduções de novos diretores

vai-teaosprofessores, 27.04.17

Apesar de um intenso debate de ideias sobre a democracia nas escolas ou o seu similacro, promovido por alguns blogs e pela fenprof, no país real continuam os concursos/reconduções de novos diretores, mas estão a acontecer novidades.

Uma delas foi a convocação de um referendo para saber se a escola aceitava a recondução deste diretor, pelo próprio diretor. O que está por detrás desta iniciativa, será a necessidade de uma democracia mais direta (?), será a necessidade de influenciar o Conselho Geral(?), ou outra? De qualquer maneira tudo o que seja por as bases a pronunciar-se parece-me positivo. 

Já por outro lado muitos Conselhos Gerais (CG) passaram ao lado do apelo de alguns blogs para que aconteçam no mínimo concursos e debate de projetos, realçando o contraditório/alternativa como elementos centrais da escolha do diretor. De fato estão a haver muitas reconduções. Mas a que eu conheço que me merece reparo é haver recondução sem que haja eleições para o CG. Houve recondução do diretor e só depois haverá eleições para o CG. Isto, é a total inversão da lógica da democracia representativa, os novos representantes não terão oportunidade de se pronunciarem sobre o futuro diretor. Isto parece-me absurdo, porque basta imaginarmos eleições para a Assembleia da República que não irá ter a oportunidade de se pronunciar sobre o governo. Esta solução está nos atípodas da primeira que é o recurso à democracia direta, pois aqui nem democracia representativa há, a escolha pelas bases dos seus representantes não levará à escolha do diretor, apenas à sua fiscalização.

Concluindo, são as crenças de cada ator social que parecem estar a prevalecer, uns importam-se com a democracia direta, outros ficam-se pela democracia representativa e outros ainda, mandam às urtigas mesmo a democracia indireta, com o lugar assegurado independentemente da escolha dos novos representantes. 

As novas tecnologias e a sala de aula

vai-teaosprofessores, 24.04.17

Uma colega escreveu uma carta à AR a pedir a alteração do ensino para se adequar mais às novas tecnologias. Por outro lado ao visitar a «qualifica» no ano passado havia uma sala de aula toda artilhada de tecnologia (iniciativa do ministério) e os professores eram apanhados para nos explicarem como deveria funcionar a sala de aula com esta tecnologia.

Mas na realidade lido com uma escola fisicamente do século passado, só com aquecimento até às 10 horas (o que no inverno dificulta a concentração), com dificuldade em marcar salas de informática para dar aulas diferentes e que usem a tecnologia. Sobre a reabilitação física de escolas sabemos que uns ficaram com escolas de primeira e outros com escolas degradadas, mas no que respeita a tecnologia, só a há disponível em certas salas e os professores lutam por as marcar para poderem oferecer aos alunos aulas diferentes. Mesmo quando estas salas são anunciadas aos alunos, não desaparecem as situações de indisciplinas, nem os alunos faltosos aparecem às aulas. Reconheço que gosto mais de dar aulas nas salas de computadores, mas esta não é a solução para todos os problemas na sala de aula, os alunos indisciplinados continuam indisciplinados, não cumprindo as orientações do professor - vão para o facebook, youtube, vídeos de rir ou de desastres, etc. Por outro lado os alunos que sistematicamente faltam às aulas aos primeiros tempos não mudam o comportamento só porque temos aulas na sala de computadores. Por outro lado há outras prioridades, as escolas degradadas, a redução de alunos por turma, os apoios com grupos mais pequenos por turma, só par referir alguns. A modernização da sala de aula, com recurso a tecnologias da era digital, faz falta mas não é uma prioridade premente, ainda que reconheço torne as aulas mais agradáveis sem ser a panaceia para todos os males.

Este caminho de se apostar forte em novas tecnologias exige investimento, que não terá o finaciamento necessário nesta conjuntura, nem resolve todos os problemas do ensino, contudo deve ir sendo percorrido e faz todo o sentido haver planos de modernização tecnológica das salas de aula. Mas não podemos pedir uma alteração radical do ensino, como a colega pede na sua carta aberta. Faz mais sentido a evolução proposta pelo ME com o novo referencial de competências para os alunos, em que se pede um trabalho de maior cooperação entre professores, a consideração de etapas na aprendizagem, como os níveis dos jogos que vão sendo ultrapassadas de forma individual, em turmas com menos alunos de forma a que o professor tenha tempo par ir acompanhando adequadamente todos os seus alunos.

Uma reflexão sobre o caso dos estragos de alunos finalistas em Espanha

vai-teaosprofessores, 12.04.17

O que recentemente se passou em Espanha, vem sendo habitual em visitas de estudo de mais de um dia, em que os professores acompanhantes têm queixas de barulhos, quartos muito sujos (vomitado), quando chega a altura de fazer o Check out. Estou a falar de uma visita de estudo feita há mais de 10 anos em que participei, a partir daí não fiz mais visitas de estudo com noites fora, perdia a confiança nos comportamentos dos alunos.

Mais recentemente, numa saída de manhã e chegada ao fim da tarde também me pareceu que houve ingerência de bebidas alcoolicas durante o almoço - os alunos de mais de 16 anos foram deixados num centro comercial para almoçarem com supervisão dos professores -, por alguns comportamentos alterados e alguma sonolência. Ou seja, mesmo tendo atenção redobrada é impossível controlar tudo!

Neste momento peso entre o benefício das visitas de estudo em termos de conhecimento, o lado positivo das mesmas e a utilização de qualquer oportunidade para o consumo de bebidas alcoolicas, atitude enraízada em alguns estudantes. 

A conclusão que tiro é precisamente a de que hoje em dia a juventude não sabe divertir-se sem o recurso a bebidas alcoolicas. A culpa não é da escola, pois na escola não têm acesso a este tipo de bebidas. O que a escola já faz é realçar os efeitos aditivos das bebidas alcoolicas e evitar situações em que possam beber, daí ter optado por não realizar visitas de estudo prolongadas. 

Concluindo a escola cumpre o seu papel, pelo menos na parte que me toca, quem não cumpre são as famílias, que viu-se - entrevistas às televisões -  tentam desresponsabilizar os filhos no que se passou em Espanha, bem como a agência de viagens (aqui por motivos comerciais), dizendo que houve um hotel que foi um erro de casting e nada foi dito sobre comportamentos desadequados, que eram esperados quando se dá a oportunidade como bares abertos entre a manhã e a noite. 

Eu como encarregado de educação não autorizo a participação neste tipo de viagens, mas promovo uma viagem cultural do meu educando acompanhado por um grupo restrito de amigos (um grupo de 3 ou 4).