A Câmara de Fafe debateu os resultados nos exames
Um orgão da Câmara Municipal debateu recentemente os resultados dos exames no concelho, depois dos dados referentes aos mesmos terem sido publicados também recentemente pelo ME.
As intervenções feitas (quer do partido que governa quer pela oposição) foram no sentido de criticarem os resultados, nomeadamente a inflação de notas em relação aos maus resultados nos exames.
Em primeiro lugar os resultados devem ser lidos tendo em conta as condições sócio económicas existentes no concelho, além do estratuto académico de muitas famílias serem o ensino básico ou inferior. Estas dificultades que na literatura se chama de capital cultural só é alterável em gerações.
Em segundo lugar é possível alterar um ensino de massas - com cerca de 30 alunos por turma e que só permite pedagogia diferenciada esporadicamente -, para um ensino personalizado em que se leve em conta no processo ensino/apredizagem o percurso de cada aluno. Há passos neste sentido, mas ter codjuvações de 90 minutos em cada 15 dias, só permite uma experiência diminuta de pedagogia diferenciada, mas ainda estamos longe do ensino personalizado em todos os tempos letivos, pelo menos nas disciplinas mais importantes, as que têm exame. Para termos ensino personalizado ideal era preciso dividir a turma em turnos e os professores só trabalhavam com metade da turma. Ora este ideal exige meios financeiros, que neste momento não estão disponíveis a nível nacional. Faria sentido serem as câmaras municipais a financiarem os desdobramentos de turmas? Seria uma via, mas as câmaras parecem mais interessadas em influenciar a gestão das escolas do que em apoiar a melhoria os processos de ensino/aprendizagem contratando professores que permitissem desdobrar em turnos algumas disciplinas.
Em terceiro lugar é possível alterar os critérios de avaliação para restringir os desfasamentos da nota interna em relação às notas dos exames. Isto as escolas podem fazer, mas aqui surge a contradição entre prepara os alunos para os exames e a flexibilidade curricular que este governo apregoa e está em fase de experimentação.
As condições em que se dão aulas, podendo haver ou não, meios informáticos para os alunos trabalharem influenciam a motivação dos alunos, que os utilizam no seu dia a dia e depois têm um ensino que não os usa (porque não os tem). Aqui as Câmaras poderiam ajudar as escolas a equiparecem com meios informáticos adequados, ajudando a melhorar a situação atual de escassez destes meios nas escolas do concelho.
Concluindo há várias variáveis que influenciam os resultados dos alunos, uns relacionados com os alunos, outros com a organização escolar e outros com o próprio professor. Olhar só para este último fator é muito reducionista. O que espero da câmara é empenho em criar melhores condições de ensino/apredizagem e apresento dicas de como o podem fazer.