A fúria reformista continua em educação
A fúria reformista continua em educação, é a questão da educação física, é a questão dos alunos com necessidades educativas e agora a questão da matemática, faltando coragem para reduzir o número de alunos por turma e de desdobrar as disciplinas nucleares. Ou seja, perdem-se em questões laterais e falham no essencial, porque este implica recursos financeiros.
Vejamos as questões laterais, discutir se a nota de educação física conta para o acesso à universidade, vai excluir certos alunos de medicina e outros cursos de médias altas, sendo por isso uma questão marginal, que depende do bom senso do professor. Não me importaria que esta fosse a solução se o exigido fossem saber as regras dos desportos e não praticá-los, ou se o essencial do programa fosse relacionar o desporto de massas com a saúde. Mas não é isto que acontece e podemos ter uma aluno/a obeso não poder ir para medicina por ter tirado uma nota baixa a EF que lhe baixou a média do secundário.
Mudar o regime dos alunos com necessidades educativas, mudando o nome e apostando a todo o custo numa integração numa turma normal, parece-me um fundamentalismo, quer de conceitos quer na aposta numa solução única, sabendo nós que existem várias tipologias de caso, com soluções diferentes. A tutela contrapõe à diversidade uma solução tendencialmente única, o que é uma contradição.
A questão dos curriculos da matemática parece-me uma precipitação, no sentido de se alterar uma reforma sem a avaliar, como é recorrente em educação, porque sigo uma certa corrente que se contrapõe a outra, neste caso uma sociação que se opõe a outra. Temos de entrar numa normalidade de deixar as reformas dar frutos e só depois avaliá-la. A reforma de Crato tem poucos anos para poder ser avaliada.
O essencial em educação é perceber onde está o fator explicativo do insucesso e aqui já um diagnóstico, turmas grandes e mais apoio individualizado e ensino diferenciado, ou seja, em vez do ensino de massas temos de evoluir para um ensino personalizado (em analogia com o marketing taylor made). Mas para se fazer esta reforma há que disponibilizar meios financeiros, o que não é possível com a prioridade ao défice.
Concluindo a equipa do ministério da educação mostra-se interveniente nos detalhes mas não muda o essencial.