O que mudou e o que não mudou nestes 4 anos de governo na educação?
O que não mudou foi o número de alunos por turma, continuo a ter turmas de 29/30 alunos. Não mudou o acesso às tecnologias da informação, continuamos com 5 salas com computadores para 50 turmas, uma para cada 10, logo dar aulas em condições do século XXI é só a pedido e sujeito a lista de espera. O ensino profissional continua a não ter condições para se lecionar em boas condições as disciplinas técnicas, pois continua a usar-se uma sala normal, quando se deveria usar pelo menos salas com computadores ou salas especializadas.
O que mudou, foi a pedagogia diferenciada, isto é adaptar o ensino às caraterísticas / capacidades do aluno, generalizaram-se as aulas de coadjuvanção, mas estando estas a acontecer uma vez por semana, no melhor dos casos, ou uma vez de 15 em 15 dias, ou seja aulas coadjuvadas em 1/6 ou em 1/10 a 1/12 do total das aulas, portanto com um impacto pouco significativo. Temos agora uma nova área curricular de cidadania e desenvolvimento que é um remake da área escola e que permite tratar temas de interesse para a sociedade.
A pedagogia diferenciada é uma forma de combater o insucesso escolar, mas alterando o nível de exigência, ou melhor permitindo haver diversos níveis de exigência. Aqui surge a maior indefinição das alterações feitas: baixa-se o nível de exigência mas não se acaba com as avaliações externas no 9º ano e secundário, ou seja, se o que interessa é o perfil do aluno e seu progresso, porque não ter coragem de acabar com as avaliações externas e transferir o acesso ao superior para este, corolário lógico do perfil do aluno e da educação inclusiva e suas medidas universais?
Concluindo, as condições em que se leciona (alunos por turma e salas equipadas com TICs) não foram melhoradas porque isso exigia investimento. Procura-se dar uma educação integral via perfil do aluno, mas faltou a coragem de alterar a avaliação externa e o acesso ao superior que mede somente os conhecimentos escolares (cada vez menos importantes com o acesso rápido à informação) e não as competências adquiridas, pelo que fica somente uma baixa do nível de exigência para alguns alunos via pedagogia diferenciada, com vista a melhorar os resultados.
Já à muito se conhece esta tática social que é desvalorizar os graus de ensino e transferir para o nível seguinte a exigência, daqui resultando uma desvalorização social dos níveis de ensino mais baixos que prejudicam a ascensão social, uma vez que aumenta os gastos com a educação das famílias (exigindo um esforço suplementar aos mais pobres), sem a correspondente recompensa social e correspondente melhoria social dos seus filhos.