Escola centrada no aluno versus centrada no professor?
Para que serve a escola hoje? Para transmitir conhecimentos, transmitir valores e socializar o aluno. É possível haver escola sem professores? Não porque são os professores que conduzem o processo de ensino aprendizagem, mesmo com uso das tecnologias. São eles que transmitem conhecimentos ou orientam a aprendizagem com recurso a tecnologias, são eles que transmitem valores como solidariedade, retidão, etc, são eles que impedem a existência de bulling, são eles que em assembleia, a aula é uma assembleia, mostram a necessidade de regras, para que haja um bom funcionamento, logo socializam os alunos.
Mas também fazem parte da escola, que não existe sem eles, os alunos. São eles que são a motivação dos professores, são eles que são o objeto da ação pedagógica e de socialização dos professores. São eles que os professores precisam de motivar, mas também de corrigir, portanto são eles que recebem os estímulos positivos ou negativos dados pelos professores.
Portanto, para mim não existem escolas só centradas nos alunos ou só centrada nos professores. Deve existir uma dialética professor / aluno, que permita ao professor definir como ensinar, em função dos seus alunos e levando em conta as caraterísticas do aluno. Portanto, quem define o modo é o professor, quem define os currículos de valores e as formas de socialização a realçar é o professor, mas levando em conta as caraterísticas dos seus alunos e ajustando-se à reação dos alunos, na tal relação dialética. Aqui cabe a escola inclusiva.
Neste enquadramento, sim Joana (https://www.comregras.com/e-uma-medida-universal-e-umas-quantas-adicionais-se-faz-favor/) não faz sentido o professor não se relacionar com os seus alunos, mas também não faz sentido toda aquela parafernália do «eduquês» que quer retirar protagonismo aos professores, defendendo o ensino centrado no aluno, sem estímulos negativos, em que se retiram instrumentos de controlo dos alunos, como o facto de os alunos do profissional passarem a ter o controlo das faltas não módulo a módulo, como acontecia, mas só em relação ao total das faltas nas disciplinas, para evitar que um aluno absentista seja o mais cedo possível confrontado com o seu comportamento? O mais grave é a pressão para que não haja estímulos negativos como haver módulos por fazer, isto é, notas negativas. O argumento é que isto é considerado insucesso e logo podemos perder um curso se este não tiver 100% de sucesso, ou seja, haverá professores que ficarão com ‘horários zero’ se o curso for fechado. Se juntarmos a este discurso a ameaça velada de uma avaliação não Muito Boa ou Excelente, para quem está precisado de passar para os 5º e 7º escalão, percebemos que haja quem tenha sempre 100% de sucesso, mesmo com alguns alunos quase sem vir às aulas. Mas isto é abdicar do professor ser o condutor do processo de ensino, ou seja, do amago de ser professor. Por outro lado, quando não se dão estímulos negativos aparecem os problemas de indisciplina, pois os alunos não têm motivo para se adaptar à escola e suas regras, prejudicando-se a maioria dos alunos que quer aprender e seguir estudos, agora dispensados de exames de acesso ao superior.
Concluindo, nesta relação dialética professor / aluno tanto é negativo um professor que não se adapta aos alunos, como um sistema que se centra somente no aluno desprestigiando o papel do professor, ao retirar mecanismos de poder ao professor para mostrar aos alunos que certos caminhos / comportamentos não são socialmente aceitáveis e dar-lhe estímulos negativos.