Ainda a propósito do sucesso a 100% até ao 9º ano.
O SE Costa brindou-nos, referindo-se a este tema, num artigo de opinião com o seguinte argumento: «o propósito economicista não encontra respaldo no investimento continuado em medidas de apoio à diminuição da retenção: só na última legislatura, foram contratados mais de 300 psicólogos, alocadas dezenas de milhares de horas da componente letiva a tutorias, reforçadas as equipas docentes para os planos de ação do Programa Nacional para a Promoção do Sucesso Escolar em cerca de 800 professores, aumentado o crédito horário das escolas TEIP (…), mobilizados 100 milhões de euros dos fundos comunitários em projetos de combate ao insucesso.»
O problema é que o que nos diz é uma gota de água no oceano para as necessidades de uma política séria de combate ao insucesso escolar. A título de exemplo na escola onde leciono, os meios disponibilizados só permitem que haja coadjuvação, nas disciplinas com exames, uma vez de 15 em 15 dias. Isto significa, que nas disciplinas de 4 horas haverá dois professores na turma em 1/8 das aulas, nas disciplinas com 5 horas haverá 2 professores na turma em 1/10 das aulas e assim sucessivamente. Isto é a oferta pública, a oferta privada, aqui apresentada como contraponto à oferta pública, as ditas explicações, têm no mínimo 3 horas por semana, ou seja há um reforço educativo de pelo menos 75% (3/4) para as disciplinas de 4 horas semanais, baseadas na relação de um professor para seis alunos (exemplo que conheço). Quanto às tutorias, tenho-as pedido mas não têm sido atribuídas.
Assim, o que o SE Costa ofereceu à minha escola foi uma migalha comparando com a procura da solução privada, as explicações.
O que está errado é a partir desta migalha se exigir o sucesso a 100% até ao 9º ano. Direi mais estamos no campo da demagogia. Nem sequer se pode falar em copo meio cheio, nesta analogia deve-se falar em copo quase vazio ou numa migalha.
Além disso, quero dizer que tenho 2 horas semanais na sala de estudo, o que não é novo no sentido que não foi instituído por esta equipa ministerial, mas sem alunos. Aqui podia-se aproveitar melhor estas horas. Portanto, em termos de organização podemos melhorar para responder ao problema do insucesso.
Concluindo, o sucesso a 100% até ao nono ano com os atuais meios disponibilizados é pura demagogia e uma forma de pressão sobre os professores.