Ânimos exaltados na sala de professores: um debate sobre medidas universais.
Ânimos exaltados na sala de professores: um debate sobre medidas universais.
Não foi por causa do aumento irrisório de 0.3%. Não foi por causa do tratamento especial para os agressores dos magistrados. Não foi pelo silêncio ensurdecedor do ministro quando há professores agredidos. E podia continuar com um rosário de queixas que atinge a classe.
O motivo do debate aceso foi uma «medida universal», a repetição de um grupo num teste em que o aluno tenha tido negativa, com o objetivo de chegar à positiva. Os defensores desta medida aplicam-na no âmbito das medidas universais e para motivar os alunos.
Do outro lado, o argumento é que se é dada uma oportunidade a alguns alunos somente, estamos a criar discriminação, pois quem tira positiva não tem uma segunda oportunidade. Alguém dizia que tinha dois filhos, um que tirasse negativa podia chegar à positiva, outro que tinha tirado positiva já não podia ter a oportunidade de subir a nota, podendo no limite ficar com a mesma classificação. A escola está a discriminar negativamente os alunos médios e acima da média ao aplicar este tipo de medidas.
Este debate mostra como os professores debatem com alma as alterações introduzidas pelos decretos 54 e 55. Nunca tinha visto a sala de professores tão animada. Mostra a grande preocupação dos professores com os alunos e por eles discutem, quando aparentemente se resignam com os ataques à profissão.
Este debate mostra que está a ser imposta às escolas um novo paradigma, a de se trabalhar com fatos feitos à medida, em vez de se estipular um uniforme único, ou seja, trabalhar-se para o aluno médio. Há medidas para os alunos com dificuldades de aprendizagem, mas também há medidas para os alunos com boas notas que podem ter exercícios com maior grau de dificuldade, por exemplo em aulas de coadjuvação em que um professor acompanha os alunos com dificuldades e outro acompanha os outros, com exercícios adequados a cada situação.
O problema desta alteração de paradigma é que está a ser feita com um acréscimo marginal de recursos: há somente coadjuvação de 15 em 15 dias. O teste de recuperação é feito em aulas normais e aumenta a ocupação de tempos letivos com a parte avaliativa à custa da parte da aprendizagem. Outro problema é a contradição das medidas universais e os resultados em exames – muitos dos alunos que atingem a nota positiva mínima não conseguem passar em exame.
Percebo que quem tenha filhos que são bons alunos e que por 1 valor podem não ter acesso ao curso pretendido veja aqui uma discriminação, pois o apoio a estes alunos é esporádico, enquanto as medidas para os alunos com dificuldades são mais efetivas na procura de percursos limpos e taxas de retenção mais baixas.
Concluindo, quando mexem com os alunos, os professores participam e discutem, parecendo anestesiados quando estão em causa os ataques à sua profissão.