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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

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A questão de retirar a classificação mais baixa

vai-teaosprofessores, 08.09.22

Nas reuniões de início do ano letivo verifiquei com agrado que o procedimento avaliativo de retirar a nota mais baixa apareceu em revisão e com auscultação aos zecos (professores sem cargos),  situação rara face ao papel central do diretor cada vez enraizado. Mas também verifiquei que muitos colegas não perceberam o significado desta norma, particularmente o de desresponsabilizar o aluno. Passo a explicar.

Nos procedimentos do projeto Maia a avaliação sumativa deve vir depois da formativa e sempre com direito a repetir a avaliação após feedback. Logo ao longo do processo avaliativo há hipóteses de se recuperar avaliações que não correram bem. Assim, a retirada da pior nota, não se insere no processo de feedback e de salvaguarda de um azar do aluno, mas simplesmente serve para inflacionar as notas e é usada para desresponsabilizar os alunos que não se empenharam, pois estes tiveram hipótese de recuperar classificações total ou parcialmente (total ou parcialmente porque em certas disciplinas só se pode recuperar um dos grupos dos testes ou questões de aula). Além disso muitos alunos usam esta norma para não trabalharem no 3º período, porque sabem que neste período, em geral mais curto, só haverá uma avaliação. Pessoalmente tive meia dúzia de alunos que tiveram esta atitude com efeitos na disciplina na sala de aula.

Outro problema que se põe é quanto a escola deve estar afastada da forma como a sociedade funciona (?). Na vida social os erros não são, em geral, desculpados. Na escola deve haver a hipótese de o aluno aprender com os erros e ter hipótese de recuperar parte ou totalmente o prejuízo, mas sem exageros. Isto é feito se o processo de feedback for aplicado e houver hipótese de recuperar o que correu menos bem, o que está a ser aplicado através do Maia. Assim, não se compreende a retirada da pior nota no momento final, uma vez que ao longo do processo já houve informação sobre os erros cometidos e possibilidade de os corrigir. Ao exagerar-se na desrenponsabilização do aluno não o estamos a preparar para a vida em sociedade.

Concluindo,  estar a favor da retirada da norma de excluir a pior nota da média não é estar contra a filosofia avaliativa discente do projeto Maia na sua essência, mas simplesmente não cair em exageros, não inflacionar notas fora de um processo de melhoria das aprendizagens, haver responsabilização dos alunos e evitar situações propiciadoras de indisciplina.