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CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

CONTRAOFACILITISMO

Blog para debater ideias que recusem o facilitismo em educação.

Uma nova forma de pressão para o facilitismo na avaliação estudantil

vai-teaosprofessores, 12.06.14

A avaliação dos professores veio introduzir as metas que os resultados da avaliação devem atingir. Encontrei metas de 95% e mesmo de 97%. Por exemplo a meta de 95% significa que os professores só podem reprovar um aluno em vinte alunos. Se estas metas se referem a cursos profissionais são completamente irrealistas, pois, existem, nestes cursos, alguns alunos sem hábitos de estudo e que frequentam a escola porque a isso são obrigados - pelas famílias e mesmo pela sociedade com a escolaridade obrigatória até ao 12º ano.

Para dar só um exemplo já tive uma turma de 30 alunos no início do ano, tendo 20 destes alunos sido excluídos por faltas, a quase todas as disciplinas, durante o ano letivo. Quem tem uma turma destas fica logo em risco de não alcançar uma boa avaliação por os alunos serem absentistas, isto é, nem sequer vão às aulas, não dando sequer qualquer chance aos professores para os motivarem.

Como lidar com esta pressão? Aguns colegas resolvem a questão cumprindo as metas sem olhar ao mérito individual. Isto transforma a escola num armazem da juventude!

Outros mantém uma postura de rigor e promovem o mérito na atribuição de notas e quem vem fazer turismo para a escola não tem aproveitamento, aliás tal e qual como vai ser o mundo do trabalho, para quem tiver a sorte de conseguir arranjar trabalho. A segunda atitude prepara os jovens para a idade adulta com as consequentes responsabilidades familiares e sociais ao nível do emprego.

A escola como local de despejo dos filhos

vai-teaosprofessores, 17.12.13

Há um novo fenómeno nas escolas, não sei se já há algum tempo, mas eu sinto-o de forma mais aguda este ano. São aqueles alunos que não querem andar na escola, mas com a escolaridade obrigatória até aos 18 anos vêm à escola passar o tempo. No passado, desde a criação dos cursos profissionais sempre  houve alunos deste tipo, mas em número reduzido, cerca de 3 a 4 por turma. Agora tenho uma turma de 30 alunos com cerca de 50% ausentes ou quando vão às aulas é para perturbarem. Nesta turma a grande maioria de alunos são alunos que não querem andar na escola e perturbam quem quer trabalhar. Estas turmas têm alunos absentistas, só no 1º período já houve uma dezena de planos de recuperação, há problemas de disciplina, há dificuldade em pôr os alunos a trabalhar, alguns estão na aula mas nada fazem...Ser professor nestas circunstâncias é um desafio e um desgaste tremendo para quem não se quer acomodar e resolver o assunto passando todos...Eu olho para a turma pelo lado positivo, os 8/9 alunos que ainda trabalham são o motivo do meu empenho e são esses que me dão animo para continuar, alguns com boas notas tive 2 dezassseis e 1 catorze.

Nesta turma aconteceu-me um caso parecido com o da internet com o telemóvel, em que uma aluna foi apanhada a jogar no telemóvel, recusou-se a entregar o telemóvel e foi mal educada e agressiva quando tentei tirar-lhe o telemóvel. Abandonou a aula e as coisas ficaram por aqui e agora espero que a direção aja. Portanto são turmas que tendem a ter casos de indisciplina graves. Espero que não haja facilitismo com a indisciplina, para podermos salvar os que ainda se empenham!

Uma diretora de turma incita ao facilitismo

vai-teaosprofessores, 31.01.13

Na reunião de ontem tive uma surpresa, a diretora de turma incita os docentes das disciplinas de opão a melhorarem as notas aos alunos para subirem as médias. Fiquei completamente boquiaberto, tanto mais que existe na turma um filho de colegas. Respondi que não entrava em facilitismos e que mantinha no meu comportamento avaliativo uma coerência intergeracional, ou seja o que fiz à 5 anos ainda faço hoje.

Ao que isto chegou...

A socialização faz parte da escola.

vai-teaosprofessores, 15.11.12

Tenho uma turma dos profissionais que não gosta de cumprir horários e fazem gala de chegar atrasados 15 a 20 minutos. Durante a resolução de problemas, o aluno que vai ao quadro sujeita-se a ficar sem os seus materiais. Em conclusão só querem brincar e não aprender, mas nos cursos profissionais é suposto também aprenderem, ainda que matérias mais práticas.

Claro que comigo esta posturas dá problemas, os alunos atrasados têm falta e quem eu apanhe a bricar fica com falta disciplinar e abandona a sala para podermos trabalhar. Um destes dias um aluno no quadro não estava concentrado porque estava preocupado com os seus pertences, o que torna redundante a sua ida ao quadro para poder aprender.

Mas os alunos ainda esticaram mais a corda, combinaram, não se preocupando com o fato de estar a ouvir, só virem para a aula passada meia hora. Claro que não esperei por eles, marquei falta a todos ao fim de 15 minutos. Quando me ia embora encontrei-os na zona do bar e perguntei se queriam ter aula, compensando o tempo perdido ficando na sala no intervalo. Não quiseram, alegaram que seria melhor faltarem aos dois tempos, para poderem justificar a falta.

No tempo seguinte, cumpriram a sua estratégia e continuei sem alunos. A funcionária queria marcar-me falta, pelo que me dirigi ao diretor e expus a situação, tendo ele aceite que sumariasse, sem matéria, e que se convocassem os pais dos alunos.

Nesta situação o facilitismo não triunfou, porque tiveram um professor que os enfrentou e um diretor que agiu corretamente. Mas pergunto-me, sendo eles alunos do 12º ano, como chegaram a este ponto?

A batalha contra o facilitismo continua

vai-teaosprofessores, 04.10.12

A batalha contra o facilitismo continua, agora com matéria a avaliar nos exames acrescida, com a inclusão da lecionada no 10º e 11º. Acho mal esta medida não ser aplicada só para os alunos que frequentam o atual 10º ano para saberem o que contar. Não sou a favor de alteração das regras a meio do jogo. Além disso, esta não será uma medida tomada para melhorar o rigor das avaliações, mas talvez para diminuir os acessos às universidades, pensando na vertente de redução de custos associada à redução de alunos no ensino superior e a ser assim, não posso deixar de dela discordar, por ser um passo a favor do regresso do elitismo às academias (se o ensino universitário voltar a ser elitista justifica-se o uso das capas e batinas para se diferenciar os doutores dos outros).

A bem da verdade, devo dizer que este ano tenho turmas mais pequenas devido à divisão das turmas em certas disciplinas, mas a verdade é que há colegas a dar aulas para 28 alunos, o que deve ser um enorme desafio. Portanto se houve redução de horários com a nova estrutura curricular e aumento de alunos por turma, o desemprego nos professores não foi pior devido ao desdobramento das turmas em algumas disciplinas. Diz-se que foi um recuo depois de se conhecerem os primeiros números de professores com horários zero...

O que se está a passar com as contratações e com os artifícios das escolas para escolherem os amigos é facilitismo e representa um paradoxo do atual ministro, que por um lado intoduz mais exames e portanto tenta avaliar o mérito por uma bitola comum, mas por outro lado, cria bitolas diferenciadas para a contratação de professores. Aqui há uma cedência ao pior do facilitismo, o compadrio.

Já agora também é compradio a escolha dos professores dos filhos por elementos das direções das escolas.

O chumbo por faltas é impeditivo de fazer xames

vai-teaosprofessores, 26.04.12

Quero saudar mais esta medida de rigor por parte do governo que visa impedir a realização de exames no ano em que o aluno reprova por faltas a uma disciplina. Um aluno só reprova por faltas se as não justificar e como diretor de turma noto a despreocupação dos alunos com as faltas dadas, só procurando justificá-las quando estão perto do limite de faltas. Esta medida vem sem dúvida implementar uma mentalidade de ida às aulas por parte dos alunos e só devendo faltar por motivos atendíveis.

Pode-se argumentar que esta medida é demasiado dura, ao impedir o aluno de fazer exame, mas face ao facilitismo a que se chegou a mudança de mentalidade só acontece quando há consequências e até agora poderia não haver consequência para as faltas e os alunos tendiam a não se preocupar com isso. A única coisa que não concordo é com a mudança das regras perto do final do ano, mas reconheço que esta medida tomada agora terá um efeito efetivo, porque toda a comunidade escolar fala dela.

O aumento de alunos por turma

vai-teaosprofessores, 13.04.12

Este ministério da educação e ciência anunciou-se como de rigor e contra o facilitismo. A aprovação de exames no 4º ano pode ser enquadrada nestes objetivos.

Mas já o aumento do número de alunos nas turmas parece-me contra tal desiderato e mais uma medida economicista. Mais, do meu ponto de vista não faz sentido aumentar o rigor na avaliação e degradar as condições de funcionamento nas salas de aula, com o aumento do número de alunos. Quanto menos alunos os professores tiverem mais se podem concentrar nos casos problemáticos e dar-lhes alguma atenção especial, senão perde-se muito tempo com a indisciplina (que aumenta com mais alunos) e do tempo restante ficará menos tempo para os casos que precisam de acompanhamento. Portanto a qualidade na educação sai a perder com esta medida.

A festa da MLR

vai-teaosprofessores, 11.04.12

Ontem no parlamento a ex-ministra MLR falou em festa a propósito da parque escolar: para os engenheiros, para os arquitetos, para as construtoras. Também acho que o seu governo foi uma festa para o facilitismo, festa essa que financeiramente estamos a pagar, todos,  não só os que dela beneficiaram.

Também houve festa para os alunos mal comportados e faltosos, com o seu estatuto do aluno.

Por outro lado, houve o mais vil ataque à profissão de professores que foram considerados uns priveligiados e malandros, mas somos nós, os professores que agora apanhamos os cacos e os tentamos colar, num ambiente de desvalorização social da classe e mantendo a qualidade do ensino na escola pública, quer em escolas luxuosas (para a classe média), quer em escolas frugais.

Cara senhora a festa saiu-nos demasiado cara, em termos monetários, mas também em degradação do ambiente nas escolas e no respeito social da classe docente, além de que os alunos que embarcaram no facilitismo por si incentivado, poderão ter hipotecado o seu futuro!

A luta por notas melhores e o facilitismo

vai-teaosprofessores, 14.03.12

Tenho um caso suigeneris com uma turma. No 1º período resolvi fazer um teste de recuperação, global e facultativo, aos meus alunos, tendo avisado que quem não fosse ao teste teria no 3º teste a média dos dois que tinhda feito. As notas do 1º período não foram contestadas. No final do 2º período apareceram os problemas, porque como as notas do 2º período foram melhores, os alunos que não fizeram o teste de recuperação só querem que se conte a média dos 4 testes que fizeram. Ora, com esta atitude estão a faltar ao compromisso assumido comigo, sabendo eles que a opção de não ir ao teste de recuperação implicava ficarem no 3º teste com a média dos dois primeiros.

Eu entento que os alunos procurem a melhor nota, mas sem se faltar aos compromissos assumidos. Esta é uma questão de ética que não estou disposto a ceder. A luta pelas melhores notas deve ser transparente e não vale usar todos os subterfúgios.

As visitas de estudo e o facilitismo.

vai-teaosprofessores, 07.03.12

Não sou contra visitas de estudo, nem contra passar filmes nas aulas, mas reconheço que nestas atividades há quem o faça em conta e medida, mas também há quem use as use como estratégia para ter um trabalho mais suave ou seja numa estratégia facilitista.

Na minha escola há uma cultura de se fazerem muitas visitas de estudo e só recentemente se começou a por um travão aos exageros e o argumento foi economicista, impôs-se um teto anual de despesas. 

As visitas de estudo devem ser limitadas ao essencial, uma por ano, o que dará 3 ao longo do secundário. Num desses anos deverá ser obrigatoriamente no âmbito da disciplina específica do curso. No caso dos alunos de economia levo-os à Renova, onde se vê uma empresa automatizada, com capaciade de inovar a nível de design e tecnológias, bem como uma preocupação ambiental.

O exagero das visitas de estudo também se nota nos cursos profissionais, onde as planificações do início do ano são postas em causa por haver aulas previstas não dadas porque os alunos estavam em visitas de estudo, acontecendo as aulas terem de se prolongar em plena epóca de exames, o que para os alunos do 12º ano é prejudicial para os que se submetem a exame.

Além disso as visitas de estudo de mais de um dia há alunos que exageram, há problemos de barulho, de consumo de alcool e às vezes temos mesmo de enfretar a polícia.

Por tudo isto deverá haver uma política cuidadosa de visitas de estudo.